Equador recolhe 36 mortos diariamente em residências de Guayaquil
Com os sistemas hospitalar e de saúde em colapso pelo coronavírus, as autoridades de Guayaquil, maior cidade do Equador, recolheram de dentro das casas, na últimas três semanas, 771 corpos – média de 36 por dia.
A pandemia fez do Equador, ao lado do Panamá, o país com mais mortes de covid-19 na América Latina: 20 óbitos por 1 milhão de habitantes. O Brasil tem 6 mortos para cada 1 milhão de pessoas.
Segundo Jorge Wated, líder de uma equipe de policiais e militares criada pelo governo diante do caos na cidade, os mortos retirados de residências superam o total de óbitos ocorridos em hospitais no mesmo período, que era de 631 até a segunda-feira (13).
Apenas em Guayaquil, centro econômico do país, existem 4 mil pacientes com coronavírus. Segundo especialistas, o motivo foi a soma de um sistema de saúde frágil, a demora em adotar o isolamento social. As autoridades acham ainda que a situação foi agravada por um toque de recolher de 15 horas diárias em todo o país, causando atraso na liberação de corpos.
Com as restrições impostas pelo governo, os corpos são sepultados sem parentes e amigos. Caixões de papelão foram improvisados após a doação de lojas que empacotam bananas e camarões.
“O caso é complexo por várias razões, uma delas é a questão do adensamento populacional. Trata-se de uma região de alta densidade para os padrões do Equador. Além disso, Lenín (Moreno) e o governo de Guayaquil vinham minimizando a pandemia. Isso levou a uma situação catastrófica”, afirmou o coordenador do curso de relações internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), Moisés Marques.
A tragédia em Guayaquil é o resultado do colapso de um sistema de saúde fragilizado pela demissão de 3,5 mil trabalhadores do setor, no ano passado, em razão do pacote fechado pelo presidente Moreno para cumprir as exigências dos credores internacionais.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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