Equatorianos votam a favor do endurecimento da segurança e aprovam extradição de povos nativos

Segundo apurações iniciais, o presidente Daniel Noboa venceu em 9 de 11 perguntas que estavam em votação

  • Por Jovem Pan
  • 21/04/2024 23h03 - Atualizado em 21/04/2024 23h05
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STRINGER/AFP As forças de segurança montam guarda do lado de fora do Palácio Carondelet, em Quito Equatorianos votam a favor do endurecimento da segurança

O Equador votou, neste domingo (21), a favor do endurecimento da segurança em meio a onda de violência. Dentre os itens que foram votados, estava a extradição, que recebeu o sim dos equatorianos, segundo uma pesquisa de boca de urna. O “sim” à extradição recebeu 72% de apoio, contra 25% do total de votos, incluindo os brancos e nulos, segundo pesquisa da empresa Infinity Estrategas, contratada pelo governo, divulgada pelo canal Teleamazonas. Cerca de 13,6 milhões dos 17,7 milhões de habitantes foram chamados a votar “sim” ou “não” em 11 questões propostas pelo presidente Daniel Noboa, que buscará a reeleição em fevereiro de 2025. A extradição de equatorianos é proibida pela Constituição desde 1945. A população havia sido consultada sobre o assunto em fevereiro de 2023, antes do assassinato do candidato à presidência Fernando Villavicencio, e o “não” venceu com 52%.

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O dia foi marcado pelo assassinato de Damián Parrales, que havia assumido há cinco dias como diretor da prisão conhecida como El Rodeo, localizada na costeira Portoviejo (sudoeste). Parrales foi morto quando almoçava com a família em um restaurante do povoado de Jipijapa, segundo a imprensa local. As pesquisas já apontavam uma vitória do “sim” com até 65% dos votos, em um contexto de massacres nas ruas, de violência política e do crescente poder dos traficantes de droga. De acordo com a consulta de boca de urna, Noboa conseguiu apoio em 9 das 11 perguntas voltadas para o fortalecimento da luta contra o crime organizado, mas sofreu um revés nas que se referem a arbitragens internacionais e aos contratos de trabalho por hora. A pergunta com maior apoio, perto de 82%, foi a que propunha que as Forças Armadas apoiem a Polícia de forma permanente em operações contra o crime organizado, sem a necessidade de decretação de estados de exceção.

Da mesma forma, o “sim” venceu nas questões que propunham aumentar as penas para crimes relacionados ao crime organizado e também eliminar os benefícios de prisão para os condenados por alguns desses crimes, de modo que eles teriam que cumprir suas penas completas em regime fechado. As propostas de designar as Forças Armadas para controlar o acesso às prisões, de criar um crime de posse e porte de armas para uso exclusivo da polícia e das Forças Armadas e de equipar as forças estatais com armas apreendidas do crime organizado também receberam apoio popular.

Membros das Forças Armadas patrulham uma rua

Membros das Forças Armadas patrulham uma rua durante uma operação para proteger a segurança civil em Quito │

Outra questão vencida pelo governo foi a permissão da expropriação imediata de bens ilícitos, como ferramenta para atingir as redes de lavagem de dinheiro das organizações criminosas. O referendo de Noboa foi realizado no contexto do “conflito armado interno” que ele declarou no início deste ano contra as gangues do crime organizado, que ele passou a considerar como grupos terroristas e agentes não estatais beligerantes.

Mais de dez políticos foram mortos a tiros desde 2023, quando os homicídios atingiram um recorde de 43 por 100 mil habitantes, em comparação com 6 em 2018. No sul, dois prefeitos foram assassinados entre quarta e sexta-feira. Há um mês também mataram a prefeita de um balneário no Pacífico. Com uma popularidade de 69%, Noboa declarou guerra às organizações ligadas a cartéis no México e na Colômbia após um violento ataque em janeiro, com cerca de vinte mortes. Em seguida, decretou estado de conflito armado interno e ordenou que as Forças Armadas derrotassem 20 grupos considerados “terroristas” e “beligerantes”.

Desde janeiro, Noboa militarizou as prisões, centros de operações de traficantes e de massacres sangrentos entre prisioneiros que deixaram mais de 460 mortos desde 2021. A mão pesada reduziu a taxa de homicídios segundo o governo, mas a violência piorou no último mês. O Equador sofre também a maior crise elétrica de sua história. O governo sustenta que, além da seca iniciada em março, sabotagens e corrupção afetaram o funcionamento das hidrelétricas.

*Com informações da AFP e EFE

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