Espanha recebe 630 imigrantes do Aquarius após oito dias de incertezas

  • Por Agência EFE
  • 17/06/2018 14h47
Agência EFE Mais de 2,3 mil profissionais de várias especialidades esperavam no porto, onde os imigrantes receberam atendimento imediato depois de desembarcar

As três embarcações com os 630 imigrantes – incluídos mais de cem menores – resgatados pelo navio humanitário Aquarius, chegaram neste domingo (17) ao porto de Valência (Espanha) desde o Mediterrâneo Central, após oito dias de uma travessia dificultada por um temporal e por condições precárias.

Mais de 2,3 mil profissionais de várias especialidades esperavam no porto, onde os imigrantes receberam atendimento imediato depois de desembarcar. Vários homens, mulheres e menores de idade foram transferidos a hospitais.

Primeiro atracou o navio italiana Dattilo, com 274 pessoas, depois o próprio Aquarius (106), e finalmente chegou a embarcação da Marinha italiana Orione (250).

A Espanha tinha decidido acolher esses imigrantes depois que Itália e Malta se negaram há uma semana a permitir o desembarque dessas pessoas em seus territórios.

As autoridades italianas permitiram, no entanto, que duas embarcações da Marinha transferissem à Espanha parte dos imigrantes ilegais junto ao Aquarius, da ONG francesa SOS Méditerranée.

O Governo espanhol ofereceu uma permissão de estadia de 45 dias por se tratar de uma entrada extraordinária por razões humanitárias, disse à imprensa um responsável da Delegacia de estrangeiros.

Depois, todos terão que regularizar suas situações, bem pedindo asilo ou residência, segundo o estabelecido na lei espanhola de estrangeiros.

Entre cantos e sorrisos, começaram a chegar os primeiros imigrantes perante a expectativa de vários meios de comunicação.

Os responsáveis pela área da saúde subiram na embarcação para uma primeira avaliação dos 182 homens, 32 mulheres e 60 menores não acompanhados.

Depois, foi a vez do desembaque por grupos, e segundo a equipe médica responsável, foi detectado um maior número de patologias do que o esperado, causadas pelos dias de aglomeração, como escoriações, queimaduras pelo contato do combustível derivado do petróleo das embarcações com a água do mar e mal-estar em geral.

Segundo a Cruz Vermelha, o estado geral destas pessoas é “bom” e “aceitável” e chegaram “encorajados, sorridentes e tranquilos”, embora “cansados”.

Quatro horas depois entrou no porto o Aquarius, com 106 imigrantes: 51 mulheres, 45 homens e dez menores de idade.

Os voluntários que os aguardavam no píer se emocionaram ao escutar os cantos, saudações e aplausos desde o navio, onde viajavam seis mulheres grávidas e 20 pessoas com queimaduras.

A chegada terminou com o atracamento do Orione, que levava 228 homens e 22 menores de idade não acompanhados a bordo.

Enquanto isso, continua a pressão migratória sobre o litoral sul da Espanha, com mais de mil resgatados durante o fim de semana quando navegavam em dezenas de balsas procedentes do litoral marroquino.

A campanha na Espanha pelo Fechamento dos Centros de Internamento de Estrangeiros (CIE) e o fim das Deportações pediu hoje ao chefe do Executivo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, que lidere uma mudança das políticas migratórias na União Europeia e exija uma amparada “real e com direitos”.

Em comunicado divulgado em Genebra (Suíça), o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Filippo Grandi, se mostrou “muito agradecido” que a “dura experiência” do Aquarius tenha terminado, mas acrescentou que este incidente “nunca deveria ter acontecido”.

Grandi se colocou à disposição da Espanha para ajudar a avaliar as necessidades dos imigrantes e refugiados, identificar os que puderem estar em situação de risco e os que necessitem de proteção internacional.

O Governo da França, por sua vez, considerou hoje que ainda é “impossível” determinar o número de litigantes de asilo resgatados pelo Aquarius que serão recebidos no seu país, e garantiu que será examinado “caso por caso”.

Quando as autoridades espanholas autorizarem, o Ministério francês do Interior desdobrará em Valência uma missão para identificá-los e organizar sua amparada na França, se desejarem, informou o Escritório francês para a Proteção de Refugiados (OFPRA).

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