EUA têm 500 brasileiros presos por imigração ilegal e alvos de deportação

  • Por Estadão Conteúdo
  • 22/06/2018 09h15
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Pixabay Destes, 207 já têm contra si ordens de deportação, de acordo com informações fornecidas pelo Departamento de Segurança Interna

Quinhentos brasileiros estão em prisões dos EUA sob acusação de violar as leis de imigração do país. Destes, 207 já têm contra si ordens de deportação, de acordo com informações fornecidas pelo Departamento de Segurança Interna. Os demais aguardam o julgamento final, que muitos tentam adiar com a apresentação de recursos e pedidos de libertação sob fiança.

A população carcerária brasileira tem um perfil nos Estados Unidos distinto do registrado nos demais países. Fora dos EUA, a principal razão para o encarceramento de brasileiros é o tráfico de drogas, que responde por cerca de 40% das detenções. Em solo americano, as violações relacionadas à imigração lideram a lista disse a embaixadora Luiza Lopes, diretora do Departamento Consular de Brasileiros no Exterior do Itamaraty.

Segundo ela, cerca de 40% dos cidadãos brasileiros estavam em dezembro atrás das grades por ter entrado no país de maneira irregular ou ficado além do tempo permitido por seus vistos. O tipo de crime que aparecia em segundo lugar era o de natureza sexual. “Os Estados Unidos têm uma legislação de severidade excepcional nessa área (imigração)”, observou a embaixadora.

O levantamento do Itamaraty não permite comparar o peso das questões migratórias na prisão de brasileiros nos EUA nos anos anteriores. A embaixadora observou que esse tipo de detenção costuma durar pouco tempo e a maioria não permanece atrás das grades por um ano.

A crise econômica no Brasil levou ao aumento do número de brasileiros que entram ou permanecem nos EUA de maneira irregular. Os que não conseguem visto de turista arriscam a vida cruzando a fronteira com o México. Muitos deles levam filhos, como ficou evidenciado na crise de separações de famílias provocada pela política de “tolerância zero” do governo Donald Trump.

Desde o começo de maio, quando a prática foi implementada, pelo menos 49 crianças brasileiras foram separadas dos pais na fronteira com o México e colocadas em abrigos para menores nos EUA. A mais nova delas tem 5 anos.

O presidente americano determinou o fim da separação familiar na quarta-feira, mas afirmou que manterá a política de “tolerância zero”, pela qual todos os imigrantes que entram de maneira irregular no país são processados criminalmente – e não apenas objeto de procedimento de deportação.

Não está claro o que ocorrerá com as 2.300 crianças que já foram separadas de suas famílias desde maio, entre elas os 49 brasileiros. Em reunião com seu gabinete ontem, Trump determinou que elas fossem reunidas com seus parentes, mas o governo ainda não definiu como isso ocorrerá.

O aumento no número de brasileiros que cruzam a fronteira de maneira irregular se refletiu nas estatísticas de deportação dos EUA. Depois de cair entre 2013 e 2015, o total de cidadãos brasileiros “removidos” do país pelas autoridades migratórias cresceu de maneira constante. De 744, passou para 1.095, em 2016 No ano seguinte, registrou outro salto, para 1.413. A estatística colocou o Brasil no sétimo lugar dos países com maior número de deportações, mas o patamar é muito inferior ao do México e de países da América Central. No total, 226,2 mil estrangeiros foram expulsos dos EUA em 2017.

Ao anunciar o fim da política de separação, Trump afirmou que o Congresso terá de fazer sua parte e aprovar legislação que trate do sistema migratório de maneira abrangente. O presidente quer recursos para construção do muro na fronteira com o México e redução dos casos em que imigrantes podem entrar nos EUA de maneira legal, o que é rejeitado pela oposição democrata.

Na quinta-feira, a Câmara dos Deputados rejeitou por 231 a 193 votos um projeto da extrema direita do Partido Republicano que restringia de maneira radical a entrada de estrangeiros no país. Os deputados tentarão agora votar uma proposta mais moderada, construída por integrantes das duas legendas. O Partido Republicano está dividido em relação ao tema e não está claro se conseguirá aprovar a proposta, apesar de ter maioria nas duas Casas do Congresso.

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