Ex-presidente Fujimori se reúne com os filhos após receber alta médica

  • Por Agência EFE
  • 05/01/2018 09h34
EFE Alberto Fujimori foi sentenciado em 2009 a 25 anos de prisão pelos massacres de Barrios Altos e La Cantuta e recebeu indulto em dezembro de 2017

O ex-presidente peruano Alberto Fujimori se reuniu na madrugada desta sexta-feira (5) com seus quatro filhos em uma casa de Lima após receber alta médica da clínica na qual esteve internado 12 dias e depois de ser indultado pelo presidente, Pedro Pablo Kuczynski.

Fujimori, de 79 anos, chegou a uma casa em um exclusivo setor do distrito de La Molina acompanhado por seu filho mais novo, Kenji, que foi buscá-lo na clínica Centenario.

O médico pessoal de Fujimori, Alejandro Aguinaga, declarou à emissora “Canal N” que o ex-governante está com seus quatro filhos nesta casa de La Molina, que contava com proteção policial, mas não pertence a nenhum familiar.

O legislador Kenji Fujimori postou no Twitter uma foto e um vídeo com seu pai, dentro do veículo que os levou a La Molina, para comemorar a liberdade do ex-presidente (1990-2000).

Fujimori foi internado na clínica, um dia antes do indulto outorgado por Kuczynski, com problemas de pressão arterial, os quais, segundo o ex-diretor geral de Direitos Humanos do Ministério de Justiça, Roger Rodríguez, nunca serviram antes como justificativa para um indulto humanitário.

O indulto ao ex-governante gerou divisão no interior do partido fujimorista Força Popular, dirigido pela sua filha, Keiko Fujimori, pois em um comunicado o seu Comitê Executivo Nacional expressou hoje sua satisfação pela liberdade do seu fundador, embora tenha discordado “da forma como ela foi alcançada”.

Keiko Fujimori tentava que seu pai recuperasse a liberdade nos tribunais, enquanto seu irmão menor, Kenji, defendeu sempre a opção de um indulto humanitário.

De acordo com a informação oferecida pelo Executivo, o pedido de indulto foi apresentado em dezembro do ano passado, dias antes que se iniciasse um processo de destituição contra Kuczynski por supostos vínculos com a Odebrecht.

O chefe de Estado se salvou da destituição devido, em parte, à abstenção de Kenji Fujimori e outros nove legisladores do seu partido, em contraposição à postura do resto da sua bancada que apoiava a cassação de Kuczynski.

O indulto foi outorgado três dias depois da frustrada destituição, o que alimentou as versões da oposição de que se tratou de uma negociação entre o governante e Kenji Fujimori.

Nesse sentido, a legisladora esquerdista Marisa Glave comentou hoje, no Twitter, que “se completa a farsa”, pois “fica em evidência que Fujimori não é doente terminal”.

“Hoje o crime e a impunidade saem às ruas, mas a dignidade dos peruanos sairá às ruas no dia 11 para recuperar a esperança e a dizer a PPK (Kuczynski) que seu indulto ilegal não se sustenta”, afirmou Glave em referência à marcha de protesto anunciada para a próxima semana.

Horas antes da saída de Fujimori da clínica, cerca de 100 de seus apoiadores compareceram à casa de Kuczynski para agradecer-lhe pelo indulto humanitário outorgado ao ex-governante.

Nas imediações da casa do governante, os manifestantes lançaram pombas brancas ao vento e afirmaram que “se fez justiça com o melhor presidente do Peru”.

Outro dos cartazes tinha a mensagem “O Peru somente quer reconciliação”, a mesma ideia que Kuczynski expressou após outorgar o indulto ao ex-governante e receber a rejeição de diferentes setores políticos e sociais.

Alberto Fujimori foi sentenciado em 2009 a 25 anos de prisão pelos massacres de Barrios Altos e La Cantuta, nos quais morreram 25 pessoas, cometidos pelo grupo militar encoberto Colina em 1991 e 1992, além do sequestro de um jornalista e um empresário em 1992.

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