Facebook terá criptomoeda para ser usada no WhatsApp e no Messenger
O Facebook e outras 27 organizações anunciaram nesta terça (18) a criação de uma nova criptomoeda, a Libra, que poderá ser usada tanto para transações entre particulares como para compras em estabelecimentos. O mecanismo estará integrada ao WhatsApp e ao Messenger a partir de 2020.
“A ideia é simplificar como for possível as transações financeiras para todas as pessoas do mundo, vivam onde vivam e tenham ou não tenham conta bancária”, explicaram fontes do Facebook, principal impulsor da Libra.
A moeda virtual, como todas as outras similares, é baseada na tecnologia blockchain, um instrumento de registro distribuído que visa a descentralização como medida de segurança.
O mecanismo não dependerá diretamente da empresa de Mark Zuckerberg, mas será gerenciada por um consórcio de empresas agrupadas sob a Associação Libra, com sede em Genebra, na Suíça.
Estas empresas, que recebem o qualificativo de “membros fundadores” dentro da associação, incluem, além do Facebook, Visa, Mastercard, Vodafone, PayPal, eBay, Spotify, Uber, Lyft, Booking Holdings (proprietária de Booking.com, Priceline.com e Kayak.com) e Mercado Livre (através de sua plataforma de transações online Mercado Pago).
“Para que uma divisa global tenha êxito, não pode estar controlada por uma só entidade e ainda menos por uma entidade comercial como o Facebook. O Facebook terá voz na associação como todos os outros membros, nem mais nem menos”, disseram à Efe fontes da rede social.
Para realizar a integração da criptomoeda nos seus serviços, a empresa de Menlo Park criará uma subsidiária financeira, a Calibra, que dependerá integralmente do Facebook e na qual não participarão os demais membros fundadores da associação.
O primeiro produto da Calibra será uma pasta digital para criptomoedas Libra acessível inicialmente por WhatsApp e Messenger (ambas propriedade do Facebook), embora fontes da empresa tenham explicado à Efe que os planos são poder ampliá-la no futuro a outros serviços como Instagram e o próprio portal do Facebook.
A pasta, que também terá seu aplicativo independente para sistemas operacionais Android e iOS, será lançada em 2020, de acordo com fontes do Facebook.
Diante da grande quantidade de escândalos vinculados à privacidade e à gestão dos dados dos usuários que abalaram a empresa nos últimos meses, esta se esmerou em garantir que a Calibra não compartilhará informação da conta ou dados financeiros com o Facebook nem com terceiros “sem o consentimento do cliente”.
Dessa forma, segundo a empresa, as transações que forem realizadas por meio da Calibra não influenciarão, por exemplo, nos anúncios que depois aparecerem para o usuário na rede social, exceto que este tenha dado permissão expressa para isso.
Os dados financeiros serão compartilhados com terceiros, no entanto, com os seguintes propósitos: cumprir a lei de cada país, proteger as contas dos clientes diante de possíveis fraudes, permitir o processamento de pagamentos e evitar a atividade criminosa.
Ao contrário da criptomoeda mais popular atualmente no mercado, o Bitcoin, a Libra estará respaldada por uma cesta de ativos subjacentes, ou seja, que contará com uma reserva composta por depósitos bancários e dívida soberana de vários países que fixarão seu valor e reduzirão a volatilidade.
“O Bitcoin é muito volátil, o que a torna perfeita para quem quer usá-la como um ativo de investimento, mas nós queremos uma divisa de baixa volatilidade que as pessoas possam usar no seu dia a dia”, destacaram as fontes do Facebook.
A ideia é que, ao receber um pagamento em Libra, os usuários possam decidir se mantêm esse valor na moeda digital ou o convertem à sua divisa doméstica e o transferem a um banco local.
Apesar de atuar de fato como “banco central” da criptomoeda, as fontes consultadas asseguraram que a Associação Libra “não definirá uma política monetária”, mas a quantidade de Libra em circulação virá determinada exclusivamente pela demanda no mercado.
Para cunhar nova criptomoedas caso a demanda cresça, haverá “revendedores autorizados” pela associação que deverão depositar na reserva um valor equivalente em outras divisas à quantidade que queiram “imprimir”, e o processo oposto vai acontecer caso se queira retirar moedas de circulação.
Agência EFE
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