Finlândia solicita adesão ‘sem demora’ à Otan, e Rússia ameaça com retaliação

Decisão histórica se deve a invasão da Rússia à Ucrânia; apoio popular subiu para 80% e a aliança promete processo rápido

  • Por Jovem Pan
  • 12/05/2022 11h25
Frank Augstein / POOL / AFP Finlândia na Otan O presidente finlandês Sauli Niinisto participa de entrevista coletiva no palácio presidencial em Helsinque, Finlândia

A Finlândia confirmou nesta quinta-feira, 12, o interesse em ingressar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) “sem demora”. Essa é uma decisão histórica do país nórdico. “Ser membro da Otan reforçaria a segurança da Finlândia”, afirmava o comunicado assinado pelo presidente Sauli Niinisto e a primeira-ministra Sanna Marin. “Como membro da Otan, a Finlândia também reforçaria a Aliança em seu conjunto”, acrescentou. Essa decisão, resultou em uma resposta imediada da Rússia, que em abril ameaçou os finlandeses caso continuassem com esse interesse. Na ocasião, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que essa decisão “não traz qualquer paz ou estabilidade”, já que “ela é apenas uma ferramenta para confrontação”.

Após a divulgação do comunicado, Peskov voltou a se pronunciar e considerou como uma ameaça para o seu país e prometeu retaliação a Finlândia. “A ampliação da Otan e a aproximação da Aliança de nossas fronteiras não tornam o mundo nem o nosso continente mais estáveis e seguros”, declarou à imprensa. Desde a Guerra Fria, o país nórdico se manteve neutro devido a um acordo com a antiga União Soviética para evitar um conflito, entretanto, em decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia, que já beira os quatro meses, eles voltaram atrás e querem entrar na Otan para aumentar sua segurança. A Finlândia foi uma província russa de 1809 a 1917 e também foi invadida em 1939.

Finlândia Otan

O anúncio para fazer parte da Aliança já era esperado, e desde o dia 24 de fevereiro, quando a Rússia lançou a ‘operação militar’ na Ucrânia, fez com que a opinião pública dos finlandeses mudasse e eles passassem a apoiar a adesão. Atualmente, 76% dos 5,5 milhões de finlandeses se declaram favoráveis, de acordo com uma pesquisa. Antes da guerra, o apoio era de 25%. O mesmo acontece na Suécia, que deve seguir os passos do parceiro estratégico. Apesar das conversas para aderir a Otan estarem menos avançadas na Suécia, o Parlamento em Estocolmo deverá dar seu parecer sobre o tema nesta sexta, 13. 

 

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, celebrou o novo passo da Finlândia e declarou que a candidatura “seria recebida calorosamente, com um processo fluído e rápido”. Na segunda-feira, 16, os deputados finlandeses se reunirão para examinar a proposta do governo e votar posteriormente, informou o presidente da Câmara, Matti Vanhanen. “Aderir à Otan não é uma decisão que vai contra ninguém”, disse o presidente finlandês. Para ele, que durante anos apostou em um diálogo Leste-Oeste, a Rússia só pode culpar a si mesma ao observar a união do país vizinho à Aliança. “Se aderimos à Otan, minha resposta à Rússia seria: ‘Vocês provocaram isto, olhem no espelho'”, disse o presidente.

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