França diz que acordo UE-Mercosul coloca agricultores locais em risco
País afirma que suas exigências estão “longe de ser aceitas” e esfria negociação
A França advertiu neste domingo que “não é possível” haver um acordo entre a União Europeia e o Mercosul que coloque em risco os agricultores franceses, declaração feita às vésperas da cúpula de chefes de Estado e de governo que deve aprovar em Bruxelas o pacto de livre-comércio entre ambos os blocos.
“As exigências da França estão longe de ser aceitas. E um acordo que exponha nossos agricultores não é possível”, enfatizou a ministra da Agricultura, Annie Genevard, em declarações à rádio “Europe 1”.
Os agricultores franceses, atualmente em pé de guerra contra a regulamentação que obriga o abate de rebanhos bovinos nos quais seja detectado algum caso de dermatose nodular contagiosa, também denunciam vigorosamente o acordo de livre-comércio com o Mercosul por temerem a chegada de produtos sul-americanos mais baratos graças a normas menos rigorosas do que as europeias.
“Para nós, este tratado é inaceitável na sua forma atual”, comentou o ministro da Economia francês, Roland Lescure, em outra entrevista publicada pelo jornal econômico “Les Echos”.
Lescure lembrou que a França estabeleceu “três condições para o acordo: cláusulas de salvaguarda sólidas e operacionais, sobre as quais o Parlamento Europeu votará na terça-feira; medidas semelhantes para proteger os cidadãos e garantir uma concorrência leal, aplicando as mesmas regras aos produtos importados e aos produtos europeus; e controles às importações”.
“Estamos à espera para ver se estas condições serão cumpridas”, afirmou quando questionado sobre se a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, receberá na semana que vem o mandato dos líderes europeus para assinar o acordo com o Mercosul em 20 de dezembro no Brasil, como previsto.
Lescure destacou que a União Europeia é “a principal potência comercial do mundo e também o maior mercado desenvolvido do mundo”, motivo pelo qual os acordos comerciais “podem ser benéficos desde que sejam equilibrados e todos respeitem as regras”.
Na opinião do ministro, essa base de equilíbrio “já não é assim, a Europa continua aberta, mas também deve saber como se proteger de práticas desleais quando necessário”.
“Nosso desafio hoje é avançar com nossos aliados em alianças que beneficiem a todos”, insistiu.
*EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.