Governo argentino não acredita em “golpe de Estado” na Bolívia

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, concedeu uma breve declaração breve sobre a situação da Bolívia. ‘Estamos todos preocupados’, disse o líder argentino

  • Por Jovem Pan
  • 11/11/2019 15h10
Marcelo Camargo/Agência Brasil Presidente da Argentina, Mauricio Macri, durante visita ao Brasil

O governo da Argentina, liderado pelo conservador Mauricio Macri, disse nesta segunda-feira (11) que não há elementos para classificar o que aconteceu na Bolívia como um “golpe de Estado”, disse o ministro das Relações Exteriores argentino, Jorge Faurie.

“Neste momento e seguindo-o passo a passo, não há elementos para descrevê-lo como um golpe de Estado existente”, disse o chanceler durante entrevista coletiva após reunião de gabinete de ministros na Casa Rosada, referindo-se à renúncia deste domingo, em meio a forte tensão social, de Evo Morales como presidente da Bolívia.

Para Faurie, “o papel das Forças Armadas da Bolívia é muito importante, mas simplesmente para garantir a continuidade da vida institucional da Bolívia e não assumir e ter um papel mais importante daqueles que marcam as leis da Bolívia”.

Depois de se referir aos golpes que os países do Cone Sul experimentaram na última metade do século XX, Faurie observou que “nenhum dos governos e povos da região quer relançar um mecanismo que teve consequências trágicas” para todas essas nações.

“Acreditamos que a Bolívia tem os mecanismos de sua vida política e institucional para encontrar uma solução entre todos os bolivianos através de seu corpo de representantes, para decidir como convocar uma eleição que permita que a verdadeira vontade do povo boliviano seja transparente e legítima”, destacou.

Macri, que deixará o poder em 10 de dezembro depois de perder as eleições para o peronista Alberto Fernández, fez um breve comentário sobre a situação do país vizinho.

“Estamos todos preocupados”, respondeu nesta segunda o presidente argentino, após ser perguntado por um jornalista quanto entrava na reunião do Conselho de Ministros.

O chanceler argentino negou, no entanto, que Morales tenha solicitado asilo ao país.

“Nossa missão diplomática e rede consular na Bolívia fazem parte de uma tradição que o Estado argentino tem de que, quando alguém pede abrigo por temer suas vidas, imediatamente recebemos e determinamos a condição em que eles ficam conosco”, afirmou.

Morales anunciou no começo da noite deste domingo sua renúncia à presidência da Bolívia, após quase 14 anos no poder.

A decisão aconteceu depois de duas semanas de protestos – que deixaram pelo menos três mortos e 421 feridos entre simpatizantes e opositores – depois das eleições do dia 20 de outubro, onde Morales foi acusado de fraude eleitoral.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) também afirmou ter detectado graves irregularidades na apuração dos resultados e recomendou a realização de novas eleições.

*Com informações da EFE

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