Greta e jovens ativistas pedem na ONU ações efetivas contra mudança climática
A ativista sueca Greta Thunberg, inspiradora do movimento juvenil contra a mudança climática, e outros três jovens ativistas afirmaram neste sábado (21) na ONU, ao secretário-geral António Guterres, que seguirão saindo às ruas como aconteceu ontem, para que suas exigências diante do tema sejam atendidas.
Na abertura da Cúpula da Juventude pelo Clima, realizada na sede das Nações Unidas, Greta, o argentino Bruno Rodríguez, a queniana Wanjuhi Njoroge e Komal Karishma Kumar, das ilhas Fiji, pediram que os líderes do mundo prestem contas sobre o tema.
Os quatro ativistas acompanharam Guterres no início desta reunião que antecede a Cúpula para a Ação Climática, na próxima segunda, na qual o número um da ONU pediu aos líderes que apresentassem planos concretos e realistas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 45% nos próximos dez anos e para 100% até 2050.
Em um breve discurso, Greta, que na próxima segunda-feira (23) falará com os presidentes e chefes de Estado, disse que os protestos de ontem para pedir ações climáticas mostram “que os jovens estão unidos e são imparáveis”. Ontem, mais de quatro milhões de pessoas, na sua maioria jovens, saíram às ruas no mundo todo pela emergência climática, segundo os organizadores dos protestos.
Greta, de 16 anos, disse que como falaria na cúpula da próxima segunda, onde entre outros estarão a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, preferia deixar seu tempo neste sábado para seus companheiros.
Bruno Rodríguez insistiu que “100 empresas são responsáveis por 71% das emissões de gases de efeito estufa” e enfatizou que elas devem ter um histórico mais sustentável. “Podemos fazer isso se estivermos unidos, se dissermos basta! Não queremos mais combustíveis fósseis”, acrescentou.
Wanjuhi Njoroge, assim como Komal Karishma Kumar, insistiu que os países que menos contribuíram para a crise climática são os que mais sofrem, embora tenha apontado “não é o momento de buscar culpados, mas sim de colaborar”. Além disso, disse que a reunião de hoje, a primeira com essas caraterísticas organizada pela ONU, permitiu aos jovens “estar na mesa de conversas”. “Agora nossas vozes precisam ter consequências”, completou.
Guterres, que estava sentado ao lado dos jovens em cadeiras coloridas colocadas para a ocasião, em um momento de relaxamento, pediu que não o chamassem de “excelência”. “Quando eu sou chamado de excelência na sede das Nações Unidas, sempre imponho uma multa de US$ 1 mil para poder solucionar problemas sociais, mas cuido para que este grupo não possa pagar, então não a aplicarei, mas por favor, não precisam me chamar de excelência”, comentou.
Após as intervenções dos quatro ativistas, Guterres afirmou que foi um prazer ouvi-los antes de apontar que “o problema dos líderes mundiais é que eles falam demais e não ouvem o suficiente”. Em seu discurso, ele mostrou seu apoio aos jovens ativistas e os incentivou a continuar sua luta: “Exigir responsabilidade de nossa geração, porque minha geração falhou em salvaguardar a justiça e também o planeta. A minha geração tem uma grande responsabilidade e a sua precisa exigir que sejamos responsáveis”, finalizou.
Guterres também concordou com as palavras dos palestrantes, insistindo que os que menos contribuíram para a crise climática e os mais pobres são os que mais sofrem, ao mesmo tempo em que apela aos combustíveis fósseis e, especificamente, aos subsídios pagos com o dinheiro dos contribuintes para o diesel ou carvão.
“Eles não têm o direito de fazer com que o nosso dinheiro sirva para promover secas e furacões”, disse. Na próxima segunda, diversos líderes mundiais compartilharão seus planos específicos, depois de ouvir o discurso de Greta Thunberg, que abrirá a cúpula com Guterres.
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