Guerra ao narcotráfico no Equador dá poderes às Forças Armadas em meio a onda de violência

Presidente decretou estado de exceção devido ao aumento da violência causada por facções criminosas; Itamaraty apura sequestro de brasileiro

  • Por da Redação
  • 10/01/2024 07h36 - Atualizado em 10/01/2024 07h39
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Rodrigo Buendia/AFP As forças de segurança equatorianas patrulham a área ao redor da praça principal e do palácio presidencial As forças de segurança equatorianas patrulham a área ao redor da praça principal e do palácio presidencial

O presidente do Equador, Daniel Noboa, assinou um novo decreto reconhecendo que o país enfrenta um “conflito armado interno” e listando 22 organizações criminosas como terroristas. O documento também ordena às Forças Armadas que executem operações para neutralizar esses grupos. Os militares agora podem agir como em tempos de guerra. Entre as facções citadas está a Choneros, cujo líder, conhecido como Fito, fugiu da prisão recentemente. Essa fuga desencadeou uma onda de violência, com explosões de carros-bomba, sequestro de policiais e outros atos aparentemente coordenados. Após decretar estado de exceção em todo o país, com toque de recolher de seis horas, o caos continuou a se espalhar. Homens encapuzados invadiram a sede da emissora TC em Guayaquil, renderam o apresentador e funcionários e interromperam uma transmissão ao vivo do telejornal “El Noticiero”. Vídeos mostram o grupo bradando contra a polícia e profissionais da emissora deitados no chão, enquanto tiros são ouvidos ao fundo. As forças de segurança levaram cerca de 30 minutos para entrar no local e prender pelo menos 13 criminosos envolvidos na ação.

Além disso, ataques ocorreram em diferentes regiões de Guayaquil, resultando em oito mortes e dois feridos. A Universidade de Guayaquil também foi invadida por homens armados. Diante dessa crise, a Assembleia Nacional anunciou resoluções conjuntas para apoiar o Executivo, incluindo a possibilidade de conceder indultos e anistias a policiais e militares envolvidos no combate ao narcotráfico. O ex-presidente Rafael Correa também declarou seu apoio ao presidente Noboa e pediu que ele não cedesse, afirmando que os erros e discrepâncias políticas seriam discutidos posteriormente.

A crise no Equador também gerou repercussões no exterior. O Peru ordenou o envio de forças para a fronteira com o Equador e decretou estado de emergência nas cidades que compõem a linha divisória. A China anunciou o fechamento de sua embaixada no país. O Itamaraty expressou preocupação com a escalada de violência e está apurando uma denúncia de sequestro de um cidadão brasileiro em Guayaquil. O presidente Noboa afirmou que a medida de estado de exceção permitiria que as Forças Armadas interviessem no sistema prisional equatoriano, afirmando que não negociaria com terroristas e que buscaria devolver a paz ao país. A violência em terras equatorianas tem crescido rapidamente nos últimos anos, com uma taxa de homicídios de 25,9 para cada 100 mil habitantes em 2022. O país funciona como entreposto de exportação de drogas por via marítima, sendo afetado pelo crescimento do cultivo e da demanda por cocaína em nível mundial. Facções internas se associaram ao crime transnacional e dominaram os presídios locais, abrindo novas rotas para o narcotráfico. No último ano, foram apreendidas 210 toneladas de drogas no Equador, um recorde.

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