Guerra em Gaza completa dez meses e ameaça se propagar na região

Exército israelense declarou nesta quarta-feira que mantém suas operações no centro do território e afirmou ter ‘eliminado muitos terroristas’

  • Por Jovem Pan
  • 07/08/2024 13h02
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HAITHAM IMAD/EFE/EPA Palestinos choram ao lado dos corpos de seus parentes mortos após um ataque israelense que atingiu uma escola que abrigava deslocados em Khan Yunis A guerra eclodiu em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram 1.198 pessoas, a maioria civis

A guerra entre Israel e o Hamas em Gaza completou dez meses nesta quarta-feira (7), sem sinais de terminar e sob a ameaça da abertura de outras frentes após o assassinato do chefe do movimento islamista palestino no Irã e do comandante do Hezbollah libanês em Beirute. O Hamas nomeou seu chefe em Gaza, Yahya Sinwar, para substituir o líder político da organização, Ismail Haniyeh, assassinado em 31 de julho em Teerã. Israel acusa Sinwar, de 61 anos, de ser um dos mentores do ataque mortal executado em 7 de outubro pelo Hamas em território israelense que desencadeou a guerra. Sinwar não aparece em público desde este dia. O chanceler israelense, Israel Katz, considerou que a nomeação de Sinwar como chefe do Hamas “é mais uma razão para eliminá-lo rapidamente e apagar do mapa esta organização desprezível”, classificada como terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia e Israel. Horas antes do assassinato de Haniyeh, um bombardeio reivindicado por Israel em um subúrbio de Beirute matou Fuad Shukr, comandante militar do movimento islamista Hezbollah, aliado do Hamas e apoiado pelo Irã. Os dois ataques inflamaram a região e ameaçam ampliar o conflito de Gaza, que deixou quase 40 mil mortos no estreito território palestino de 2,4 milhões de habitantes.

“Mensagem forte”

O Hezbollah e o Irã são “obrigados a adotar represálias”, declarou Hasan Nasrallah, chefe do movimento armado libanês, na terça-feira. O Hezbollah atuará sozinho ou no âmbito de uma “resposta coordenada” do Irã e seus aliados na região, “sem importar as consequências”. Nesta quarta-feira, a Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) se reunirá na Arábia Saudita, a pedido da “Palestina e do Irã”, para alcançar “uma posição islâmica unificada” na região, segundo uma fonte da OCI. Diante do risco de a guerra se alastrar, a comunidade internacional trabalha incansavelmente para tentar acalmar a situação e relançar as negociações para um cessar-fogo e a libertação dos reféns detidos em Gaza. Os contatos diplomáticos se multiplicam, especialmente entre os países mediadores do conflito em Gaza: Estados Unidos, Catar e Egito.  Pela primeira vez, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos – principal aliado de Israel – pediu publicamente ao Irã e a Israel que evitem uma “escalada” para um novo conflito militar.

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“Um combatente”

Alguns habitantes da Faixa de Gaza ficaram pessimistas após a nomeação de Sinwar, que supostamente vive no território palestino, ao contrário de Haniyeh, radicado no Catar. “É um combatente, como fará negociações?”, perguntou Mohamed al Sharif, um palestino. Outro habitante de Gaza, Hani al Qani, espera “que isto acelere o fim da guerra, já que Sinwar vive na Faixa de Gaza, entre a população sitiada”. O Exército israelense declarou nesta quarta-feira que mantém suas operações no centro do território e afirmou ter “eliminado muitos terroristas”. A guerra eclodiu em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram 1.198 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um balanço baseado em dados oficiais israelenses. Entre os mortos estavam mais de 300 militares. Também fizeram 251 reféns, dos quais 111 permanecem sequestrados em Gaza, 39 deles estariam mortos, segundo o Exército israelense. A ofensiva israelense em Gaza deixou até agora 39.677 mortos, segundo o Ministério da Saúde deste território governado pelo Hamas desde 2007, que não detalha o número de civis e combatentes mortos.

Israel está em alerta há quase uma semana, aguardando a resposta prometida do Irã e de seus aliados. A tensão também reina no Líbano, onde aviões militares israelenses sobrevoaram a capital, Beirute, novamente nesta quarta-feira, quebrando a barreira do som. No subúrbio ao sul da capital, onde Israel matou Shukr, os moradores tentam fugir desta área densamente povoada e reduto do movimento libanês, mas os preços dos apartamentos em áreas mais seguras dispararam. “Estamos com a resistência [Hezbollah] até a morte. Mas é normal ter medo (…) e buscar refúgio”, disse à AFP Batul, uma jornalista de 29 anos, que se recusou a fornecer seu sobrenome. Vários países pediram aos seus cidadãos que abandonem o Líbano e algumas companhias aéreas suspenderam voos para Beirute. A companhia alemã Lufthansa prorrogou nesta quarta-feira sua decisão de evitar o espaço aéreo iraniano e iraquiano até 13 de agosto, assim como a suspensão dos seus voos para Tel Aviv, Beirute, Teerã, Amã e Erbil até a mesma data.

Publicado por Luisa Cardoso

*Com informações da AFP

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