Guerra em Gaza completa dois anos em meio a negociações de paz mediadas por Trump

Conflito deixou mais de 60 mil mortos e devastou o enclave palestino; proposta americana prevê cessar-fogo, libertação de reféns e retirada gradual de tropas israelenses

  • Por da Redação
  • 07/10/2025 06h30
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Filip Singer/EFE/EPA Pessoas participam de uma vigília em memória do segundo aniversário do ataque do Hamas contra Israel, em frente ao Portão de Brandemburgo, em Berlim Pessoas participam de uma vigília em memória do segundo aniversário do ataque do Hamas contra Israel, em frente ao Portão de Brandemburgo, em Berlim

A guerra entre Israel e o Hamas completa dois anos nesta terça-feira (7), em meio à mais promissora rodada de negociações de paz desde o início do conflito, em outubro de 2023. Delegações israelenses e palestinas se reúnem em Sharm el-Sheikh, no Egito, para discutir um plano de cessar-fogo elaborado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A proposta americana prevê a libertação dos reféns ainda mantidos pelo Hamas, a retirada gradual das tropas israelenses de Gaza e a formação de uma administração interina no território.

O Hamas aceitou parte das condições, incluindo abrir mão do controle político de Gaza e trocar os 48 reféns remanescentes por cerca de 2 mil prisioneiros palestinos. No entanto, o grupo não mencionou o desarmamento nem a supervisão internacional prevista no plano — pontos considerados essenciais por Israel.

O conflito começou em 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas invadiram o sul de Israel, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando mais de 250. A resposta israelense incluiu uma ofensiva aérea e terrestre de grandes proporções na Faixa de Gaza, que, segundo a ONU, resultou em mais de 61 mil mortes palestinas, a maioria civis.

Fome e devastação em Gaza

O cenário humanitário é descrito por organismos internacionais como catastrófico. Em agosto, o Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar (IPC), ligado à ONU, declarou oficialmente estado de fome em Gaza. Mais de meio milhão de pessoas enfrentam condições “catastróficas”, sem acesso regular a comida, água e medicamentos.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou a privação alimentar como um “crime de guerra” e cobrou um cessar-fogo imediato. O governo israelense, liderado por Benjamin Netanyahu, nega as acusações e atribui a crise à “má gestão do Hamas”.

A destruição é quase total: estima-se que quatro em cada cinco edifícios do enclave tenham sido danificados ou destruídos. O Banco Mundial calcula os prejuízos em cerca de US$ 30 bilhões. Com o colapso da economia, o desemprego chega a 80% e quase toda a população depende de ajuda humanitária.

Isolamento diplomático

Durante o segundo ano da guerra, Israel ampliou ataques a alvos ligados ao Hamas em países como Síria, Irã e Catar, o que aumentou seu isolamento diplomático. Países árabes que mantinham relações recentes com Tel-Aviv — como Emirados Árabes, Bahrein e Marrocos — expressaram desconforto. O Egito, que historicamente atua como mediador, chegou a chamar Israel de “inimigo” em setembro. Países como Brasil, Reino Unido, França, Irlanda, Canadá e Espanha estão aos mais de 140 que reconhecem o Estado Palestino.

Internamente, Netanyahu enfrenta protestos diários que pedem o fim da guerra e a libertação dos reféns. Ele tenta equilibrar-se entre as pressões populares e as resistências de aliados ultranacionalistas, como os ministros Itamar Ben-Gvir e Bezalel Smotrich, contrários ao cessar-fogo.

Trump se apresenta como “presidente da paz”

Ao propor o plano de paz, Donald Trump tenta se consolidar como mediador do conflito. O presidente americano enviou seu genro, Jared Kushner, e o enviado especial Steve Witkoff ao Egito para acompanhar as negociações. Trump afirmou que o Hamas está “pronto para uma paz duradoura”, mas diplomatas envolvidos nas tratativas ressaltam que ainda há incertezas sobre os pontos mais sensíveis — sobretudo o desarmamento e a governança futura de Gaza.

Publicada por Felipe Dantas
*Reportagem produzida com auxílio de IA
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