Hemisfério Norte sofre intensas ondas de calor, e previsão é que temperaturas sejam cada vez maiores
Estados Unidos, Espanha, Itália estão em alerta; Serviço Meteorológico Nacional (NWS) prevê uma onda ‘extremamente perigosa’
O calor extremo não dá trégua para os países do Hemisfério Norte, em que há previsões de temperaturas recordes para os próximos dias. Neste domingo, 16, dezenas de milhões de pessoas enfrentavam as altas temperaturas, em mais uma demonstração das consequências da mudança climática. Nos Estados Unidos, o Serviço Meteorológico Nacional (NWS) prevê uma onda de calor “extremamente perigosa” da Califórnia ao Texas. “Quando bebo apenas água, eu fico tonto, quero vomitar por causa do calor, preciso de outra coisa, uma Coca-Cola, um Gatorade, e gelado, para conseguir ficar bem”, declarou um mexicano de 28 anos, que se identificou apenas como Juan, que trabalha no setor da construção em Houston, Texas. Na região do Vale da Morte, na Califórnia, a temperatura atingiu 51°C no sábado. A previsão para domingo era de 54 graus.
Além das temperaturas elevadas, o sul da Califórnia é cenário de incêndios que já destruíram mais de 1.200 hectares. Ao norte da Filadélfia, na Pensilvânia, uma breve inundação deixou três mortos no sábado e quatro pessoas continuam desaparecidas, de acordo com os bombeiros. No Canadá, mais de 10 milhões de hectares foram destruídos por incêndios desde o início do ano, um balanço muito superior ao registrado pelo país em 2022. Os dados, considerados provisórios, registravam mais de 900 focos ativos no sábado em todo o país, incluindo 570 fora de controle, de acordo com o Centro Interagências Canadense de Incêndios Florestais (CIFFC, na sigla em inglês).
O mesmo cenário se repete na Europa, onde o aquecimento avança duas vezes mais rápido que a média mundial, segundo os cientistas, vários países enfrentam temperaturas extremas. Na Itália, 16 cidades estão em alerta vermelho, com máximas de 36 e 37 graus centígrados. Apesar do calor, quase 15 mil peregrinos e turistas, segundo o Vaticano, compareceram à Praça de São Pedro para ouvir o papa Francisco recitar a bênção do Angelus. Entre os visitantes estava François Mbemba, um padre congolês de 29 anos. Ele disse que em Roma “faz mais calor que na África”. “O calor continua durante a noite e é difícil dormir. Vestidos de preto, nós suamos muito”, declarou.
Neste domingo, a Espanha estava à beira de iniciar uma nova onda de calor, depois de superar uma semana de temperaturas elevadas, com graves consequências na ilha de La Palma (Canárias), onde um incêndio queimou 5.000 hectares no fim de semana e obrigou 4.000 moradores a deixar a região. A ilha sofreu as consequências devastadoras da erupção de um vulcão no fim de 2021. “Sinto impotência ao ver como tudo queima, ao ver duas cidades completamente evacuadas, saber que há pessoas que perderam tudo para o vulcão e reconstruíram suas vidas no norte, mas agora novamente tiveram que abandonar suas casas e correm o risco de voltar a perder tudo”, disse Patricia Sánchez, 37 anos, funcionária da Cruz Vermelha espanhola.
A agência meteorológica espanhola (Aemet) emitiu alertas laranja neste domingo para temperaturas elevadas (38 a 42ºC) em vários pontos da Península Ibérica e nas ilhas Baleares na segunda-feira, 17, além de um alerta vermelho (perigo extremo) também na segunda-feira para áreas da Andaluzia e na terça-feira em Aragón, Catalunha e Mallorca (42 a 44 ºC). Na Grécia, onde a previsão indica uma leve queda na temperatura, as autoridades decidiram que a Acrópole de Atenas permaneceria fechada durante a tarde.
Na Ásia, as tempestades se unem ao calor extremo. Na Coreia do Sul, as equipes de emergência tentavam alcançar as pessoas bloqueadas em um túnel inundado. As fortes chuvas nos últimos dias deixaram pelo menos 37 mortos e nove desaparecidos no país. No Japão, as autoridades emitiram um alerta para o risco de insolação em 20 dos 47 municípios do país devido a temperaturas próximas de 40 graus em muitas cidades. Em Tóquio, onde a temperatura chegou a 36ºC, “o simples fato de passear cansa”, comentou Coline Grison, uma turista francesa de 24 anos.
A onda de calor extremo afeta o leste e sudoeste do arquipélago, enquanto outras áreas do país enfrentam chuvas torrenciais, que provocaram pelo menos oito mortes nos últimos dias. A China emitiu vários alertas para temperaturas elevadas e informou que os termômetros podem atingir 45 graus na região Xinjiang (nordeste), parcialmente desértica, e 39ºC na região de Guangxi (sul). O calor é um dos eventos meteorológicos mais letais, recordou recentemente a Organização Meteorológica Mundial (OMM). No verão do ano passado, mais de 60.000 pessoas morreram em consequência do calor apenas na Europa, indicou um estudo recente.
*Com informações da AFP
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