Hungria adota medida controversa contra Covid-19: ‘Vai matar mais que o vírus’

  • Por Jovem Pan
  • 17/04/2020 13h25 - Atualizado em 17/04/2020 13h28
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Reprodução Viktor Orban é o atual primeiro-ministro da Hungria

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, tem tomado medidas controversas para reestruturar o sistema de saúde local e permitir que ele tenha capacidade de atender os pacientes com Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus.

A atitude mais criticada foi anunciada no último domingo (12), quando o ministro de Recursos Humanos húngaro, Miklos Kasler, ordenou que todas as unidades de saúde deixassem livres, em até uma semana, 50% dos leitos para pacientes com Covid-19, para mais tarde liberar mais 10%, gerando um total de 36 mil vagas.

“Não podemos matar o vírus, mas começamos a preparar nossos hospitais, para, no pior dos casos, haver suficientes leitos, respiradores e funcionários”, garantiu o premiê húngaro, em entrevista semanal concedida à rádio pública do país.

A medida recebeu a condenação de diversos setores do país. De acordo com o site Hvg, são diversos os casos de pessoas que já estão sendo levadas para casa, como um idoso com corpo parcialmente paralisado, que sofre de vários problemas de saúde. A família admite não saber como seguirá cuidando dele.

Outra denúncia é de um leitor que conta que o pai, diabético e recém-operado de câncer, terá que ser tratado em casa, junto com a mãe dele, que sofre de demência.

“Quando acabar a pandemia, a ordem do ministério vai matar mais pessoas que o coronavírus”, afirmou o médico e especialista em saúde pública Zsombor Kunetz, em entrevista à emissora de televisão ATV.

Alguns diretores de hospitais chegaram a se recusar a liberar pacientes que precisam seguir em acompanhamento pós-cirúrgico ou de outras doenças graves. Dois responsáveis por unidades de saúde foram demitidos.

No entanto, a médica-geral da Hungria, Cecilia Müller, explicou que a medida é necessária para que o país esteja preparado para um eventual aumento radical nos casos de Covid-19 e pediu “paciência e colaboração” para os afetados pelo esvaziamento em massa dos leitos.

Na Hungria, atualmente, há 66 mil vagas em hospitais, segundo dados oficiais, com taxa de ocupação de 70%. Dessa forma, entre 10 mil e 15 mil internados deverão ser encaminhados para casa nos próximos dias.

Segundo as estatísticas, o país tem, hoje, 1.763 casos ativos de Covid-19, sendo que 847 pessoas estão hospitalizadas. A imprensa húngara, no entanto, aponta que há indícios de que o número real de contágios seja muito maior que o divulgado, o que resultou na ordem de liberação de leitos.

*Com informações da Agência EFE

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