Imigração deve ser tema central das eleições americanas e interfere até na economia

Embora o discurso anti-imigração esteja cada vez mais popular, mercado destaca a importância dos profissionais qualificados que chegam ao país

  • Por Jovem Pan
  • 11/08/2024 06h31
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EFE/ARQUIVO Composição de fotos de arquivo mostrando a vice-presidente dos EUA Kamala Harris (à esquerda) e o ex-presidente Donald Trump Eleições nos Estados Unidos estão marcadas para novembro

Embora a imigração continue sendo um tema controverso entre democratas e republicanos, a realidade econômica dos Estados Unidos revela uma necessidade crescente de mão de obra qualificada, frequentemente suprida por imigrantes. Na disputa presidencial de 2024, Donald Trump, pelo Partido Republicano, e Kamala Harris, pelo Partido Democrata, apresentam visões divergentes sobre o tema. O ex-presidente tem a ideia de que os cidadãos oriundos de outros países — sobretudo aqueles que não estão em situação regular no país — estão ligados ao aumento da criminalidade. “Construam o muro”, gritaram os delegados republicanos durante a convenção do partido, em referência à fronteira com o México. O ex-presidente também cogita a construção de campos de detenção e já disse que alguns querem formar um “exército” contra os americanos. O tema é tão popular que até os democratas prometem endurecer as regras.

No entanto, tanto o mercado quanto a economia destacam a importância dos profissionais qualificados que chegam ao país. “O PIB dos EUA é estimado em US$ 26,95 trilhões, e o país enfrenta uma escassez de profissionais em diversas áreas”, explica Gustavo Nicolau, advogado especialista em imigração e sócio do escritório Green Card US. Nicolau, que possui doutorados em direito pela Universidade de São Paulo e pela Universidade de Chicago, destaca que a solução para essa falta de mão de obra é a imigração qualificada. Ele ressalta que, enquanto muitos americanos podem ter sucesso com educação básica e empreendedorismo, a economia exige um número crescente de profissionais com ensino superior e especializações avançadas, áreas onde os imigrantes frequentemente se destacam. Além disso, observa que a maioria dos doutorandos e pós-doutorandos nos EUA são imigrantes, especialmente nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. O governo americano tende a conceder Green Cards com maior frequência a profissionais dessas áreas.

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O cenário pode mudar com um novo projeto de lei no Senado dos EUA, que busca tornar o processo imigratório mais eficiente. O projeto propõe um investimento de US$ 440 milhões para contratar mais juízes de imigração, o que deve acelerar o processo de concessão de passaportes. Se aprovado, o projeto pode resultar na emissão de até 18 mil Green Cards baseados em emprego e 32 mil para categorias familiares anualmente entre 2025 e 2029. Estudos indicam que o aumento da imigração pode impulsionar o PIB dos EUA em até US$ 7 trilhões até 2033, com um crescimento da força de trabalho em cerca de 5,2 milhões de pessoas. “O PIB da Califórnia é de US$ 3,5 trilhões e o de Nova York é de US$ 2,2 trilhões, superando o PIB total do Brasil, que é de aproximadamente US$ 1,6 trilhão. Essa grande potência econômica precisa urgentemente de trabalhadores qualificados para manter e expandir seu crescimento”, conclui Nicolau.

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