Índia retoma a exportação de remédios por ‘solidariedade’ aos países

  • Por Jovem Pan
  • 22/04/2020 11h07
Saulo Angelo/Estadão Conteúdo Uma cartela de medicamentos O governo indiano retirou algumas das restrições impostas aos medicamentos em 7 de abril, alegando "solidariedade" ao resto do mundo

A Índia retomou a exportação de medicamentos diante à pandemia do coronavírus. Considerada a “farmácia mundial”, por ser o maior exportador do mundo de medicamentos, o país pode ajudar a suprir as necessidades de pacientes em diversos países.

O governo local havia proibido as exportações de 14 ingredientes ativos e suas formulações derivadas. A proibição foi suspensa em 7 de abril, com algumas restrições ao paracetamol e à hidroxicloroquina, que exigem autorização expressa.

O diretor da Associação Indiana de Fabricantes de Medicamentos (IDMA), Ashok Kumar, afirmou que não haverá desabastecimento no país. “Temos reservas suficientes. Não há problema porque nossa produção é muito superior à nossa demanda interna.”

Apesar das exportações da Índia, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que cada país tenha como fabricar, pelo menos de produtos médicos básicos.

Hidroxicloroquina

Para diversos países, inclusive o Brasil, a hidroxicloroquina se tornou uma esperança para o combate ao coronavírus. Ao todo, 13 países obtiveram permissão para compra do medicamento e já receberam cerca de 14 milhões de caixas, confirmou a porta-voz da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) na Índia, Leena Menghaney.

Entre os países que estão comprando a hidroxicloroquina estão, entre outros, o Brasil, Afeganistão, Sri Lanka e Estados Unidos. “Os EUA estão comprando outros medicamentos de nós, mais de 20% de nossas exportações vão para o país”, disse o diretor da IDMA.

“Até agora, nossa demanda mensal era de apenas 20 milhões de caixas (de hidroxicloroquina), enquanto temos capacidade para produzir 200 milhões de caixas, por isso temos uma grande margem para atender nossa demanda interna pela Covid-19 e também exportar”, completou.

Algumas empresas fabricam o medicamento “sem dependência” de matérias-primas externas, embora Kmar tenha explicado que outras empresas precisam importá-los, principalmente da China, o que pode representar problemas, como o “aumento de preço”.

Exportação solidária

O governo indiano retirou algumas das restrições impostas aos medicamentos em 7 de abril, alegando “solidariedade” ao resto do mundo, disse uma fonte do Ministério da Saúde.

Entretanto, o ex-diretor do Conselho Indiano de Pesquisa Médica e especialista em doenças infecciosas Jacob John Tekkekara afirmou que foi uma decisão sólida, embora tenha notado ter sido tomada um dia após o presidente dos EUA, Donald Trump ameaçar o país com retaliações se não permitisse as exportações.

“Trump é temperamental. Ele fez uma ameaça e, se não levássemos a sério, ele poderia ter feito o que disse que faria, como fez com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Ele é imprevisível, e é por isso que (o primeiro-ministro indiano Narendra) Modi fez a coisa certa “, avaliou Tekkekara.

O especialista se referiu ao congelamento dos fundos americanos para a OMS na semana passada pelo que creditou a um “manuseio incorreto” da crise.

*Com informações da EFE

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