Israel divulga detalhes e preparação do Hamas para ataque de 7 de outubro: ‘Anos de planejamento’
Para examinar os muitos documentos árabes e decifrar os milhões de dados eletrônicos, foi preciso reativar a ‘Amshat’, unidade vinculada à inteligência militar israelense criada após a guerra de 1973
Israel apresentou à imprensa na segunda-feira, 4, os detalhes e preparação do Hamas para o ataque de 7 de outubro que desencadeou uma guerra no Oriente Médio e completa dois meses do próximo dia 7. A apresentação teve como base documentos e dados recuperado com os combatentes palestinos. Smartphones, laptops, GPS, câmeras GoPro, walkie-talkies, mapas e outros documentos “mostram anos de preparação para atacar os kibutz e as bases militares. É um plano de batalha”, afirmou um oficial de inteligência israelense. Nos computadores foram encontrados planos táticos muito detalhados, com um relatório dos objetivos, os nomes das unidades mobilizadas e de seus membros, a missão atribuída a cada uma delas (ataque, apoio…) com detalhes operacionais, minutagem precisa e uma lista das armas necessárias. Também encontraram um desenho feito a mão com detalhes do posto militar avançado em Nahal Oz, ocupado pelo Hamas no dia do ataque. Os combatentes palestinos mortos tinham fotos de satélite e mapas precisos dos kibutz atacados.
As informações também mostram que “parte do treinamento foi sobre como tomar reféns. Os documentos mostram o que fazer e como assumir o comando”, explicou outro agente de inteligência. Para examinar os muitos documentos árabes e decifrar os milhões de dados eletrônicos e depois separar o essencial do secundário, Israel reativou depois do ataque uma unidade chamada ‘Amshat’ (sigla para ‘Departamento de Recuperação de Documentos e Materiais Técnicos’ do inimigo). A unidade, vinculada à inteligência militar israelense, foi criada após a guerra árabe-israelense de 1973, também provocada por um ataque surpresa, daquela vez do Egito e da Síria, atribuído a um fiasco do serviço de espionagem israelense. O oficial de inteligência não tem dúvidas de que as informações sobre os kibutz vieram de dentro, de “funcionários palestinos ou árabes israelenses”.
“Para a base militar (de Nahal Oz), não sabemos. Mas não vem de uma fonte aberta”, acrescentou. Entre os milicianos mortos foram encontradas uma “lista de tarefas” sobre o sequestro de reféns e um “manual de conversa” com estas pessoas. No final de outubro, as Forças de Defesa de Israel (IDF, digla em inglês) tinham divulgado o manual do grupo hamas para o massacre do dia 7 de outubro. Na cartilha, dividida em oito etapas, sendo algumas delas: sequestrar, amarrar ou matar, utilizá-los como escudo humano, roubar comidas e bebidas, entre outros. Outros documentos dão a entender que os milicianos tinham instruções para matar civis, segundo os oficiais de inteligência. “Queriam criar uma comoção tão grande para quebrar a moral dos israelenses”, disse um deles.
De forma surpreendente, os agentes israelenses também encontraram documentos não vinculados à operação de 7 de outubro, alguns deles com grande valor militar. “Alguns dos combatentes do Hamas foram deixados na ignorância e não sabiam o que iria acontecer. Muitos entraram em Israel com coisas que não eram relevantes para o ataque. Alguns estavam com os veículos que usam diariamente e que continham informações muito valiosas”, afirmou o segundo oficial. Entre o material recuperado estava um mapa detalhado do sul de Gaza que identifica instalações militares do Hamas. O jornal americano ‘The New York Times’ informou em 1º de dezembro que a inteligência militar israelense obteve mais de um ano antes do ataque um documento que detalhava ponto a ponto uma operação similar à executada em 7 de outubro, mas o considerou como um cenário “imaginário”.
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