Itália estuda possível moeda paralela ao euro na tentativa de se livrar de dívidas

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 13/06/2019 10h00 - Atualizado em 13/06/2019 10h28
Reprodução/BCE Há expectativa de que o país receberá multa bilionária por não cumprir as regras de endividamento público do bloco econômico

Enquanto os britânicos definem o nome da pessoa que vai tirar o país da União Europeia, o processo de votação começa nesta quinta-feira (13). Na Itália o debate é sobre o futuro do euro. Segundo as pesquisas locais, a maioria da população é a favor da moeda única do bloco.

Acontece que o governo de coalizão entre extrema-direita e populistas foi eleito com uma plataforma inexequível. Prometeram reduzir a idade mínima de aposentadoria, aumentar salários e criar um super bolsa família. Isso em um dos países mais endividados do mundo, o segundo maior devedor da União Europeia, atrás apenas da Grécia.

Como o governo de Roma não tem meios para imprimir dinheiro, monopólio que pertence ao Banco Central Europeu, surgiu uma polêmica alternativa: emitir uma espécie de moeda paralela. A ideia sendo discutida é criar uma espécie de título, chamado de mini-BOT, com pequeno valor, entre cinco e 100 euros, sem juros nem vencimento.

O governo então usaria os mini-BOTs para pagar seus credores, empresas ou pessoas físicas. Em troca, aceitaria os papéis para o pagamento de impostos ou compra de bens e serviços nas estatais locais, como para compra de gasolina ou bilhetes de trem, por exemplo.

A ideia é polêmica primeiro por seu viés bananeiro – a Argentina fez isso no início do século quando a economia estava, mais uma vez, fora de controle. Segundo porque criar uma moeda paralela é ilegal pelas regras da União Europeia. Mas isso não parece ser um problema para o economista guru da Liga que sugeriu a ideia.

Por enquanto os burocratas do bloco só observam. Há expectativa de que a Itália receberá uma multa bilionária em breve por não cumprir as regras de endividamento público do bloco.

O líder italiano Matteo Salvini é considerado o cabeça de uma nova onda política que se consolida pela Europa. Com uma liderança dessas é difícil acreditar que o movimento trará algo de positivo para o continente.

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