Joe Biden regulamenta armas caseiras para acabar com tiroteios em massa
As ‘armas fantasmas’ são difíceis de rastrear e responsáveis por um número crescente de casos nos EUA
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta segunda-feira, 11, uma nova medida para regular as armas de fabricação caseira, conhecidas como “armas fantasmas”, porque não têm número de série e são responsáveis por um número crescente de tiroteios em massa. “É de senso comum”, proclamou o presidente americano, ao defender esta medida em um evento no gramado da Casa Branca que contou com a presença de sobreviventes de tiroteios, pais que perderam seus filhos, além de ativistas pelo controle de armas. Em uma mesa ao lado do palanque havia uma dessas armas que podem ser compradas na internet com peças que são montadas em menos de meia hora e que o governante americano aproveitou para mostrar. “Esta é a arma. Não é difícil de montar. Basta ter uma furadeira em casa e não demora muito. Qualquer um pode encomendar pelo correio. Qualquer um”, enfatizou Biden. “Armas fantasmas” são assim chamadas porque são difíceis de serem rastreadas pela polícia, uma vez que não possuem um número de série.
A medida anunciada por Biden, que entrará em vigor em quatro meses, altera a atual definição de arma sob a lei federal para incluir aquelas divididas em peças e aquelas feitas com impressoras 3D. Pela nova norma, os kits das peças que compõem as “armas fantasmas” terão que ter números de série que permitam sua identificação e quem os comprar terá que passar pela mesma checagem de antecedentes por que passa quem adquire armas tradicionais. Devido à sua dificuldade de localização, este tipo de instrumento tem atraído nos últimos anos aqueles que não podem comprar armas da forma tradicional por terem antecedentes criminais ou por serem menores de 18 ou 21 anos, as idades legais para comprar armas nos EUA. De acordo com o grupo Students Demand Action, as “armas fantasmas” estão sendo cada vez mais usadas em tiroteios em escolas.
Tiroteios em escolas são frequentes nos EUA
Uma das integrantes desse grupo participou do evento: Mia Tretta, que em 2019 foi baleada no abdômen por uma dessas “armas fantasmas” e perdeu dois de seus colegas em um tiroteio em sua escola em Santa Clarita, na Califórnia. “É uma honra estar aqui hoje. Não só porque é a Casa Branca, mas porque estou falando em nome de dois colegas que não podem estar conosco, um deles era meu melhor amigo”, afirmou Tretta. Ela lembrou como, em 14 de novembro de 2019, acordou preocupada com uma prova de espanhol que tinha naquele dia e passou a manhã com seu amigo, Dominic Blackwell, rindo e conversando. “Até que ouvimos um barulho alto. Foi um tiro. Seguido por outros dezesseis. Uma das balas me atingiu no estômago e de alguma forma consegui me levantar e correr. Mas Dominic não conseguiu”, recordou Tretta.
Em seguida, relatou como seus pais lhe contaram que seu melhor amigo havia morrido e que outra colega de classe, Gracie Muehlberger, que tinha uma “risada contagiante”, também havia perdido a vida. O autor do tiroteio era um garoto de 16 anos, que se suicidou e usou uma pistola semiautomática de 45 milímetros que seu pai havia construído em casa. Esse tiroteio serviu para introduzir a questão das “armas fantasmas” no debate político, com várias tentativas em nível local por parte dos democratas para regulá-las.
*Com informações da EFE
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