Juan Guaidó se declara presidente interino da Venezuela
Nesta quarta-feira (23), em meio a uma onda de protestos contra a ditadura de Nicolás Maduro, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, considerado o principal líder da oposição, declarou-se presidente interino do país.
“Em condição de presidente da Assembleia Nacional, ante Deus, Venezuela, em respeito a meus colegas deputados, juro assumir formalmente as competências do executivo nacional como presidente interino da Venezuela”, disse, em pronunciamento.
Diante de centenas de manifestantes que o apoiam, o deputado segurou um exemplar da Constituição venezuelana e afirmou que seu objetivo é “conseguir o fim da usurpação” e realizar “um governo de transição e ter eleições livres”.
Ele ainda reiterou a promessa de anistia aos militares que abandonarem Maduro e apelou para que todos fiquem “do lado do povo”.
#Venezuela hoy dimos un paso histórico junto a nuestra @AsambleaVE.
Reconocemos la actitud cívica de nuestro pueblo.
Hoy más que nunca necesitamos organización y reconocernos entre nosotros.
Hoy hemos logrado nuestro objetivo. ¡Vamos bien Venezuela! pic.twitter.com/4KjUv0tdGJ
— Juan Guaidó (@jguaido) January 23, 2019
Há duas semanas, Maduro tomou posse para um novo mandato presidencial. Poucos dias depois, o parlamento declarou que ele seria um “usurpador” do cargo. Em seguida, em um mais uma clara demonstração de abuso de poder, o supremo tribunal do país anulou todos os atos da assembleia.
Desde a eleição, repleta de denúncias de fraudes, o governo de Nicolás Maduro tem sido criticado internacionalmente. Mais de 40 países já indicaram ilegitimidade no mandato, entre eles Brasil, Estados Unidos e Canadá, além da Organização dos Estados Americanos.
Trump e outros líderes
Durante a tarde, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu o presidente interino da Venezuela, em comunicado. Em nota, ele afirmou que a assembleia usou poder “legítimo” para invocar a Constituição e declarar o ditador Nicolás Maduro como “ilegítimo”. Brasil, Paraguai, Argentina, Colômbia, Peru, Equador e Costa Rica seguiram a mesma linha.
Na contramão, o México anunciou que segue ao lado de Maduro. Por meio do porta-voz Jesús Ramírez Cuevas, o governo de Andrés Manuel López Obrador disse que continua reconhecendo o ditador como presidente legítimo do país. “Ele é o presidente democraticamente eleito”, afirmou.
Evo Morales, da Bolívia, também defendeu o ditador e declarou que “as garras do imperialismo buscam novamente ferir de morte a democracia e a autodeterminação dos povos da América do Sul”.
Protestos
Centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas de várias cidades locais durante o dia. Em Caracas, manifestantes entraram em confronto com a polícia. Os policiais usaram gás lacrimogênio e balas de borracha para controlar a multidão. Longe da capital, quatro pessoas morreram em distúrbios na madrugada, incluindo um adolescente de 16 anos. Em San Félix, uma estátua de Hugo Chávez foi incendiada.
Ameaças de Maduro
Ainda durante a tarde, Nicolás Maduro anunciou que está rompendo relações diplomáticas com os Estados Unidos. Em discurso a apoiadores, disse ter dado 72 horas para que a delegação norte-americana deixe a Venezuela.
“Anuncio que, como presidente constitucional, chefe de Estado, em cumprimento dos meus deveres, decidi romper relações diplomáticas e políticas com o governo dos EUA”, declarou, a partir de sacada na sede do governo. “Assino a nota diplomática para dar 72 horas para o pessoal diplomático e consular dos EUA sair do país.”
“Temos denunciado o governo imperialista dos Estados Unidos, que dirige uma operação para impor um golpe de estado na Venezuela. Pretendem eleger e designar o presidente da Venezuela por vias não constitucionais”, afirmou. “Pode um qualquer se declarar presidente ou é o povo que elege o presidente?”, questionou Maduro.
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