Julgamento por corrupção contra Cristina Kirchner é marcado para fevereiro
A Justiça da Argentina fixou nesta segunda-feira para o próximo dia 26 de fevereiro o início do primeiro julgamento que a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015) terá que enfrentar, após ser acusada de encabeçar uma associação ilícita de fraude na concessão de obras públicas.
Segundo informaram fontes judiciais, o julgamento oral contra a atual senadora – já processada em cinco casos – acontecerá no Tribunal Oral Federal Nº 2 de Buenos Aires, integrado pelos magistrados Rodrigo Giménez Uriburu, Jorge Gorini e Jorge Tassara.
O processo, que investiga irregularidades na adjudicação de obras públicas viárias ao Grupo Austral – propriedade de Lázaro Báez – na província de Santa Cruz durante os Executivos kirchneristas (2003-2015), afeta também o ex-ministro de Planejamento, Julio De Vido, o ex-secretário de Obras Públicas, José López, e o próprio Báez, os três já detidos por outras causas.
A Justiça Federal investiga o suposto “direcionamento” de contratos a favor do Grupo Austral em Santa Cruz, berço do kirchnerismo e província da qual o ex-presidente Néstor Kirchner foi governador de 1991 a 2003.
O expediente indica que foi executado um plano em Santa Cruz para o uso “fraudulento” de fundos estatais a favor das empresas de Báez, que acabaram sendo adjudicatárias de quase todas as obras viárias licitadas nessa província durante os 12 anos em que se estenderam os governos kirchneristas nacionais.
Os indiciados são acusados de ter feito parte de uma associação destinada a cometer delitos; para “apoderar-se ilegitimamente e de forma deliberada” dos fundos atribuídos à obra pública viária mediante licitações com “múltiplas irregularidades” destinadas ao favorecimento do empresário.
Essa causa guarda semelhanças com outras que afetam também, principalmente, Cristina e Báez, e nas quais se investiga a utilização de duas sociedades imobiliárias dos Kirchner para receber, mediante arrendamentos de propriedades, transferências milionárias de empresários como Báez, que por sua vez tinha recebido adjudicações de obras com preços superfaturados.
Contra a ex-governante já foram levadas a julgamento outras duas causas, ainda pendentes de datas; uma delas por um suposto prejuízo econômico ao Estado pela decisão de seu governo de que o Banco Central vendesse dólares a um preço abaixo do mercado.
A outra é pelo suposto acobertamento, através de um pacto com Irã, dos acusados pelo ataque contra a associação mutual judaica AMIA de Buenos Aires em 1994.
Cristina, opositora ao governo de Mauricio Macri, negou em repetidas ocasiões essas acusações e reiterou que se sente vítima de uma perseguição política impulsionada por seu sucessor, que, em sua opinião, pretende disfarçar a situação econômica do país.
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