Justiça da França inicia julgamento dos atentados de Paris
Ao todo, 20 pessoas são acusadas de tramar ou realizar ataques a pontos da cidade em nome do Estado Islâmico em 2015; caso pode durar nove meses
A França inicia nesta quinta-feira, 8, o julgamento de 20 homens acusados de tramar e executar os atentados terroristas de novembro de 2015 em Paris, que deixaram 130 pessoas mortas em uma série de ataques coordenados com bombas e atiradores em bares, restaurantes e na casa de shows Bataclan. Ao todo, 14 pessoas serão julgadas em presença e outras seis à revelia. Este deve ser o julgamento mais longo da história do país, com previsão de nove meses de duração. Presencialmente, a Corte pôde receber 1,8 mil vítimas dos atentados e 300 advogados. Aqueles que foram vitimados pelo terror do dia 13 de novembro de 2015 e não quiseram ir presencialmente para o julgamento podem acompanhar as sessões por um link de transmissão online.
O primeiro dos 14 acusados pelos crimes de novembro de 2015, Salah Abdeslam, de 31 anos, se recusou a responder quase todas as perguntas do presidente do tribunal, Jean-Louis Periès. Ele, que é o único sobrevivente entre os executores do ataque, se limitou a afirmar que era um “combatente do Estado Islâmico” e fez declarações religiosas diante da Corte. Salah conseguiu fugir do país após participar dos atentados porque os equipamentos utlizados por ele para se explodir não funcionaram. Ele foi preso em 2016 e pode ser condenado à prisão perpétua. Além dele, outras 11 pessoas podem ter a mesma sentença. Uma nova sala foi construída especificamente para receber advogados e sobreviventes como forma de segurança e outras medidas extraordinárias foram tomadas para evitar outros ataques do Estado Islâmico no local.
Na Corte, o mês de setembro será voltado para apresentação de evidências forenses e policiais sobre o crime. O mês de outubro deve ser destinado a ouvir testemunhos das vítimas e os meses de novembro e dezembro devem contar com as falas de oficiais que responderam aos crimes, assim como do ex-presidente do país, François Hollande, que estava no Stade de France assistindo a uma partida de futebol na noite do ataque. O local seria um dos alvos do Estado Islâmico, mas o acesso não foi permitido aos homens-bomba por seguranças. Com as tentativas de entrada frustradas, eles acionaram os dispositivos de explosão em bares do lado de fora do estádio. Nenhum dos procedimentos judiciais será televisionado ao público, mas as audiências serão gravadas para arquivamento dos fatos históricos.
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