Kamala Harris e Donald Trump trocam acusações em comícios a três dias das eleições nos EUA

Kamala acusou Trump de considerar ‘inimigo’ todo aquele que discorda dele; Trump disse que os maus dados de emprego divulgados na sexta-feira são um presente que pode influenciar na votação

  • Por Jovem Pan
  • 02/11/2024 20h49 - Atualizado em 02/11/2024 22h16
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LOREN ELLIOTT e ANGELA WEISS / AFP kamala trump montagem Kamala Harris e Donald Trump focam nos Estados decisivos, onde os candidatos geralmente vencem por uma margem estreita

Kamala Harris e Donald Trump trocaram acusações neste sábado (2) em Estados disputados na busca pelo voto dos indecisos para as eleições presidenciais da próxima terça-feira nos Estados Unidos. A vice-presidente democrata e seu rival, o ex-presidente republicano, continuam em empate técnico nas pesquisas enquanto 73 milhões de pessoas já votaram antecipadamente.

Ambos focam nos Estados decisivos, onde os candidatos geralmente vencem por uma margem estreita, ao contrário de outros que são tradicionalmente republicanos ou democratas. Neste fim de semana, a vice-presidente, de 60 anos, viaja para Geórgia, Carolina do Norte e Michigan.

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Em Atlanta, a capital do Estado da Geórgia, a ex-senadora, que almeja se tornar a primeira presidente mulher do país, atacou o adversário. Kamala o acusou de considerar “inimigo” todo aquele que discorda dele, de ter “nomeado a dedo três membros da Suprema Corte” durante seu mandato (2017-2021) com a intenção de enfraquecer o direito federal ao aborto e de querer reduzir os impostos “para bilionários e grandes corporações”.

Em um comício na cidade de Scranton, na Pensilvânia, um Estado-chave nessas eleições, o presidente Joe Biden insistiu nesse ponto.

“Machões” 

“Trump e seus amigos republicanos querem outro gigantesco corte de impostos para os ricos”, acusou. “Sei que alguns de vocês estão tentados a pensar que esses caras são machões”, mas esse “é o tipo de gente que você gostaria de dar um tapa no traseiro”, disparou.

Na Carolina do Norte, Trump voltou a atacar a rival. “Ela fala de unidade e depois me chama de Hitler”, queixou-se de Kamala. Na verdade, a vice-presidente o chamou de “fascista”, mas não de Hitler.

Ela também deu crédito recentemente a uma declaração feita pelo ex-chefe de gabinete da Casa Branca, John Kelly, que afirmou que Trump disse que Adolf Hitler “também fez algumas coisas boas”.

O magnata deseja recuperar as chaves da Casa Branca. Se conseguir, ele se tornaria o primeiro presidente com uma condenação penal e quatro acusações criminais em seu histórico.

Diante de uma multidão de apoiadores incondicionais, Trump considerou que os maus dados de emprego divulgados na sexta-feira são um presente que pode influenciar na votação.

“Vou deixar a pele” 

“Deveriam dar uma olhada nesses números, são terríveis”, declarou o magnata na Virgínia. “Eu vou deixar a pelo por vocês, e não precisava disso” porque poderia estar “na praia”, acrescentou.

Em uma entrevista à Fox News, Trump criticou um anúncio de televisão democrata que mostra esposas de seus apoiadores votando secretamente em Kamala. “Vocês conseguem imaginar uma esposa que não diz ao marido em quem vai votar?”, questionou ele.

O republicano de 78 anos sabe que, segundo as pesquisas, as mulheres preferem Kamala e os homens, ele. E é difícil que a tendência tenha mudado depois que Trump comentou que protegerá as mulheres “gostem elas ou não”. “Vou protegê-las”, insistiu neste sábado, omitindo a segunda parte da frase.

Muitas mulheres estão irritadas. “Em sempre fiquei à margem disso, mas hoje há coisa demais em jogo”, declarou em Washington Sheridan Steelman, uma professora de 74 anos que segura um cartaz rosa com a frase: “Avó irritada”.

Em relação à economia, o magnata pretende defender o setor industrial do país, se necessário, com guerras comerciais agressivas e tarifas de até 200%.

Trump endureceu ao extremo sua retórica. Se Kamala vencer, “cada cidade dos Estados Unidos se tornará um campo de refugiados sórdido e perigoso”, afirmou neste sábado.

“Os Estados Unidos agora são um país ocupado” pelos migrantes, disse ele, ressaltando que, se vencer, lançará “o maior programa de deportação da história” do país.

A política internacional está muito presente. Em Charlotte, na Carolina do Norte, Kamala foi interrompida por manifestantes descontentes com o apoio dos Estados Unidos a Israel na guerra em Gaza.

“Uma das razões por estarmos aqui é porque lutamos por nossa democracia e o direito das pessoas dizerem o que pensam, mas agora eu estou falando”, respondeu a candidata.

“Todos queremos que a guerra no Oriente Médio acabe, queremos que os reféns voltem para casa e, quando eu for presidente, farei tudo em meu poder para que seja assim”, acrescentou. Na reta final da campanha, o medo de um possível surto de violência caso Trump perca e se recuse a reconhecer sua derrota, como fez em 2020, vem crescendo.

Trump alega que houve fraude e “trapaças” em estados-chave como a Pensilvânia. “Que trapaceiem porque é isso que fazem, e fazem muito bem, são muito profissionais, mas acredito que temos grandes chances de ganhar no voto popular”, afirmou o republicano na Virgínia.

*Com informações do Estadão Conteúdo e agências internacionais
Publicado por Carolina Ferreira

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