Kim Jong-un recebe irmã como heroína e reforça aproximação com Coreia do Sul
O líder norte-coreano Kim Jong-un recebeu com honras nesta terça-feira sua irmã e a delegação que realizou uma histórica viagem à Coreia do Sul, qualificando sua missão como um “êxito”, o que fortalece ainda mais a figura de Kim Yo-jong dentro do regime.
O “Rodong Sinmun”, jornal oficial de Pyongyang, publicou hoje duas fotos em sua capa que salientam o tratamento heróico que se tem dado à irmã do líder e aos demais de delegados e artistas que retornaram do país vizinho.
Na primeira imagem, Kim Jong-un aparece ladeado por uma sorridente Kim Yo-jong – que lhe agarra pelo braço com gesto carinhoso – e pelo chefe de Estado do país, Kim Yong-nam.
Ambos lideraram uma expedição que teve como resultado um convite para que o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, visite Pyongyang e pela qual o marechal norte-coreano expressou “sua satisfação”, segundo afirmam hoje os meios de comunicação estatais norte-coreanos.
O líder destacou “a importância de seguir obtendo bons resultados enquanto se encoraja o cálido clima de reconciliação e diálogo” com a Coreia do Sul, país com o qual seu regime segue tecnicamente em guerra há mais de 65 anos.
Os acordos alcançados em janeiro entre os dois Estados para que a Coreia do Norte participasse dos Jogos Olímpicos de Inverno que acontecem no condado sul-coreano de PyeongChang prepararam a mencionada visita, que por sua vez serviu para consolidar, tanto no fechado país como fora dele, a imagem de Kim Yo-jong.
Embora a irmã do líder siga envolta em um véu de mistério – se desconhece quase tudo sobre seu passado e ela quase não falou em frente às câmeras – o foco dos meios de comunicação se fixou insistentemente em seu porte e em seu gesto sorridente.
O fato de aparecer pela primeira vez retratada em atitude abertamente familiar com seu irmão não faz mais que respaldar a fulgurante ascensão desta mulher, que acredita-se que tem entre 29 e 31 anos e que foi escolhida pelo seu irmão para ser o primeiro membro da dinastia Kim a pisar na Coreia do Sul.
Nomeada em 2014 como vice-diretora do Departamento de Propaganda do Partido dos Trabalhadores norte-coreiano, foi designada também membro do politburo da legenda em outubro do ano passado, algo que até agora apenas outra mulher tinha conseguido na Coreia do Norte, a sua tia Kim Kyung-hui, que obteve o cargo muito mais tarde, aos 42 anos.
Agora, a histórica viagem ao Sul parece não deixar dúvidas que Yo-jong é até hoje o mais parecido com um “braço direito” do líder norte-coreano.
O fortalecimento da irmã mais nova do líder coincide com o aniversário hoje do misterioso assassinato há um ano no aeroporto de Kuala Lumpur de Kim Jong-nam, meio irmão de Kim Jong-un e de Yo-jong, pelo qual o regime de Pyongyang é acusado.
A capa do “Rodong Sinmun” também mostra hoje o líder posando com boa parte das 140 integrantes da orquestra Samjiyon, que fez dois concertos na Coreia do Sul na semana passada aproveitando o “desgelo olímpico”.
As artistas, junto aos famosos esquadrões de animadoras norte-coreanas e os próprios Kim Yo-jong e Kim Yong-nam, de 90 anos, exibiram uma face afável do regime, em contraste com a habitual imagem de uma ditadura conhecida por violar sistematicamente os direitos humanos dos seus cidadãos.
Dentro deste momento de distensão, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, revelou que pretende viajar para Pyongyang a convite do regime depois que os Jogos de Inverno terminarem no próximo dia 25 de fevereiro.
A visita de Bach e a ampliação dos programas de diplomacia esportiva poderiam contribuir para melhorar ainda mais a disposição do regime perante o exterior.
Por sua parte, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, voltou a deixar a porta aberta ao diálogo com Pyongyang ao dizer em entrevista coletiva ontem no Cairo que “depende dos norte-coreanos decidir quando estão prontos para interagir” com Washington.
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