Kim Jong-un viaja para China, mas agenda é mantida em absoluto sigilo
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, está de visita em Pequim para se reunir com o presidente da China, Xi Jinping, em uma viagem que pode representar um prenúncio de uma nova cúpula com os Estados Unidos para falar sobre desnuclearização, anunciaram nesta terça-feira veículos de imprensa norte-coreanos e chineses.
Espera-se que Kim Jong-un se reúna com Xi Jinping durante a visita, apesar de seu itinerário na China ser mantido em absoluto sigilo.
Como é habitual, poucas horas antes da confirmação oficial, informações circularam na internet sobre uma possível viagem de Kim à China, depois que um trem blindado norte-coreano foi visto cruzando a fronteira.
A agência estatal “KCNA” confirmou depois que, convidado pelas autoridades chinesas, Kim realizará até a próxima quinta-feira uma viagem oficial ao país vizinho junto com sua mulher, Ri Sol-ju, e representantes do partido único, do gabinete de ministros e das forças armadas.
Entre os oficiais que acompanham o marechal se encontram Kim Yong-chol, responsável de inteligência e figura-chave nas negociações nucleares com os EUA, e os titulares de Relações Exteriores e Defesa, Ri Yong-ho e No Kwang-chol, segundo a “KCNA”.
Em imagens mostradas pela televisão estatal “KCTV”, também é possível ver Kim Yo-jong, irmã e conselheira de Kim Jong-un, na comitiva que embarcou em Pyongyang no trem com destino a Pequim, onde o comboio chegou às 10h55 locais (0h55 em Brasília), segundo confirmaram correspondentes da agência sul-coreana “Yonhap” na capital chinesa.
Esta viagem, a quarta de Kim à China no último ano, faz pensar que o encontro com Xi poderia ser o prenúncio de uma segunda reunião entre o jovem líder e o presidente dos EUA, Donald Trump, depois que ambos mostraram vontade de realizar um segundo encontro para desbloquear o processo de desnuclearização.
A primeira reunião entre Kim e Xi em Pequim no ano passado aconteceu no fim de março, enquanto os outros dois encontros com o máximo líder chinês ocorreram em maio e junho, e chegaram justo depois das cúpulas que Kim realizou com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e com o próprio Trump em Singapura.
Desde essa reunião em Singapura, na qual EUA e Coreia do Norte chegaram a um acordo para trabalhar para a desnuclearização do regime norte-coreano em troca de que Washington garanta a sobrevivência do mesmo, o diálogo quase não mostrou avanços devido à falta de um roteiro para o processo de desarmamento.
O próprio Trump disse que a localização de uma segunda cúpula com Kim seria anunciada em breve e um jornal sul-coreano informou na segunda-feira que Hanói, a capital do Vietnã, seria o lugar escolhido inicialmente.
Pequim, por sua vez, quis normalizar hoje a visita de Kim assegurando que esta faz parte do programa de intercâmbios regulares que os líderes dos países concordaram em ativar durante os seus encontros do ano passado.
Além disso, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Lu Kang, ressaltou em entrevista coletiva o quão significativa seria uma segunda cúpula entre Kim e Trump.
“Acreditamos que é importante que os dois lados mantenham os contatos, e sempre apoiamos o diálogo e esperamos que dê resultados positivos”, disse Lu.
Cabe destacar que, pelo segundo ano consecutivo, Kim, que hoje completa 35 anos, passará o seu aniversário na capital chinesa, um detalhe significativo levando em conta a importância que o regime costuma depositar nos aniversários de seus líderes e que vem a ressaltar o peso de sua relação com Pequim.
Por outro lado, vários analistas consideram que a viagem pode também ser um indício da mensagem emitida por Kim no Ano Novo, na qual ele disse que o regime poderia explorar “uma nova via” se os EUA seguirem apostando por não tomar a iniciativa no processo de desarmamento.
Muitos acreditam que essa “nova via” não faz referência à retomada dos testes nucleares pelo regime norte-coreano, mas à possibilidade de que Pyongyang se envolva ainda mais com Pequim para garantir sua segurança e desenvolvimento econômico em um momento no qual a pujança chinesa ameaça a hegemonia mundial americana.
*Com Agência EFE
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