Kremlin diz que Rússia só vai interromper as ‘operações militares’ se a Ucrânia cumprir os termos

Russos querem o reconhecimento de Donetsk e Luhansk como estados independentes, mudança na constituição para consagrar a neutralidade e que os ucranianos esqueçam a Crimeia

  • Por Jovem Pan
  • 07/03/2022 12h41 - Atualizado em 07/03/2022 12h44
NATALIA KOLESNIKOVA / AFP Dmitry Peskov Rússia Dmitry Peskov afirmou que uma eventual entrada de Suécia em Finlândia no país não trará paz às nações

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse nesta segunda-feira, 7, que a Rússia está pronta para interromper as operações militares se Kiev cumprir uma lista de condições. Em entrevista à Reuters, ele declarou que os ucranianos foram informados de que tudo pode ser interrompido em um momento. A Rússia, que já afirmou várias vezes não abrir mão das suas exigências para implantação de um cessar-fogo, exige que a Ucrânia cesse a ação militar, mude sua constituição para consagrar a neutralidade, reconheça a Crimeia como território russo e reconheça as repúblicas separatistas de Donetsk e Luhansk como estados independentes. Segundo o porta-voz, essas são as únicas exigências que os russos têm e que não estão tentando fazer mais reivindicações territoriais, como a entrega de Kiev para controle russo.

A operação militar – como os russos classificam – já chega ao seu 12º dia. Três rodadas de negociações já foram realizadas para discutir o cessar-fogo – a última esta sendo realizada nesta segunda-feira. Até agora, os lados só acordaram em criar um corredor humanitário para retirada dos civis em segurança. Na visão de Peskov, eles estão conseguindo cumprir com o seu objetivo de desmilitarizar a Ucrânia “Nós vamos terminar isso. Mas o principal é que a Ucrânia cesse sua ação militar. Eles deveriam parar sua ação militar e então ninguém atirará”, disse ele, que complementou dizendo que os ucranianos deveriam fazer emendas à constituição onde a Ucrânia rejeitaria qualquer objetivo de entrar em qualquer bloco.

Peskov ainda declarou que, com exceção de Luhansk e Donetsk – regiões separatistas que não querem fazer parte da Ucrânia e teve a sua independência reconhecida pelo presidente russo Vladimir Putin -, o resto do país estaria livre. “É um estado independente que viverá como quiser, mas sob condições de neutralidade”, disse o porta-voz ao informar que as demandas foram formuladas e entregues durante as duas primeiras rodadas de negociações. “Esperamos que tudo corra bem e que reajam de forma adequada”, disse Peskov.

Na visão do porta-voz do Kremlin, o atual cenário entre Rússia e Ucrânia hoje é uma ameaça muito maior do que a de oito anos atrás, quando anexou a Crimeia em 2014. “Eles começaram a fornecer armas para a Ucrânia e preparar o exército para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), alinhando-o aos padrões da Otan”, disse ele. Peskov disse que a Rússia também teve que agir diante da ameaça que percebeu, dizendo que era “apenas uma questão de tempo” antes que a aliança colocasse mísseis na Ucrânia, como fez na Polônia e na Romênia.

*Com informações da Reuters

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