Macri é acusado de espionagem interna na Argentina

O Ministério Público Fiscal da Argentina acusou o ex-presidente Mauricio Macri e o ex-chefe da Agência Federal de Inteligência (AFI) Gustavo Arribas de espionagem interna ilegal. Além deles, outros ex-funcionários do governo durante o mandato de Macri, de 2015 a 2019, também foram denunciados.
O procurador federal Jorge di Lello aceitou uma queixa apresentada nesta semana pela atual chefe da AFI, Cristina Caamaño, que foi nomeada para o cargo pelo presidente Alberto Fernández, sucessor de Macri.
Segundo o relatório do procurador geral, que já foi enviado ao juiz Marcelo Martínez de Giorgi, que confirmará ou rejeitará a abertura da investigação, a denúncia é dirigida, em primeiro lugar, contra pessoas que seriam agentes da inteligência, cujos nomes são mantidos em sigilo.
Além de Macri e Arribas, constam a ex-diretora adjunta da AFI Silvia Majdalani e o ex-chefe de gabinete da AFI Dario Alberto Biorci.
A denúncia foi apresentada após um disco rígido ter sido encontrado durante as tarefas de coleta de informações da agência de inteligência.
Nesse disco, teriam sido encontrados vestígios digitais que mostram a conexão de dispositivos externos que armazenavam informações de inteligência sobre pessoas ligadas à atividade política do país, tais como jornalistas, líderes e forças policiais.
“Segundo o reclamante, pessoas com credenciais tiveram acesso ao disco, mas não foi possível determinar a área exata em que o dispositivo foi utilizado”, diz a denúncia.
Na reclamação apresentada por Caamaño, observa-se que, ao analisar o dispositivo, foi verificado que a informação foi apagada, mas não de forma segura, razão pela qual foi possível restabelecê-la, mesmo com algumas falhas.
“Através da recuperação de dados, foi possível detectar o registro de conexão de dispositivos removíveis ‘pen drives’ nos quais foi realizado um processo sistêmico de coleta de informações correspondente aos e-mails particulares de inúmeras pessoas ligadas à atividade política, entre outras”, acrescenta.
A denúncia afirmou que as informações supostamente coletadas foram utilizadas com a finalidade de produzir inteligência ilegal, já que não há registros na AFI de que essas tarefas tenham sido ordenadas por qualquer juiz ou autoridade competente.
Entre os cerca de 90 nomes da lista de supostos espiões estão figuras como o Congressista Mario Negri (na época membro do governo), o jornalista Luis Majul, o sindicalista Héctor Daer, a atual Ministra da Mulher, Gênero e Diversidade, Elizabeth Gómez Alcorta, e a ex-chefe do Escritório Anticorrupção do governo Macri, Laura Alonso.
*Com EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.