Maduro confirma reunião com presidente de Guiana e volta a falar em ‘direito legítimo’ sobre Essequibo

Presidente venezuelano também ressaltou que pretende discutir, no encontro, a ‘interferência’ dos Estados Unidos na disputa

  • Por Jovem Pan
  • 11/12/2023 21h32 - Atualizado em 11/12/2023 21h43
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Yuri CORTEZ / AFP maduro 'ilegítimo' para os EUA Estados Unidos não reconhecem Maduro como presidente da Venezuela por considerarem sua reeleição em 2018 fraudulento

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro confirmou que se reunirá com o líder de Guiana, Irfaan Ali, nesta quinta-feira, 14, para discutir a situação envolvendo Essequibo. Esta, assim, é a primeira vez que o mandatário venezuelano assegura presença no encontro, que será intermediado pelo Brasil e está marcado para acontecer em São Vicente e Granadinas – o país caribenho está na presidência temporária da Comunidade dos Estados Latino Americanos e do Caribe (Celac). Em carta endereçada ao primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, o presidente venezuelano falou em “paz” e “diálogo”. “Nossa posição sempre foi a via de diálogo com a Guiana, para conseguir uma solução prática ao embate. Desejo que (o encontro) se transforme em um ponto de partida para o retorno às negociações diretas entre ambos os países”, declarou Maduro. Apesar disso, o líder da Venezuela voltou a dizer que irá atender o desejo de seu povo para contar com o “direito legítimo” sobre Essequibo – no início do mês, os venezuelanos apoiaram, em um referendo não vinculativo, a anexação do território.

Além disso, Nicolás Maduro também ressaltou que pretende discutir, no encontro, a “interferência” dos Estados Unidos na disputa. “Aspiro a que neste encontro de alto nível possamos abordar as principais ameaças à paz e à estabilidade dos nossos países, entre elas o envolvimento do Comando Sul dos Estados Unidos, que iniciou operações no território em controvérsia”, informou. O presidente venezuelano, assim, recordou das ações militares norte-americanas na Guiana, ocorridas na semana passada. Na ocasião, o governo de Mauro já havia encarado tais atos como uma “provocação”. “A presença dos Estados Unidos na Guiana é contrária ‘à nossa aspiração de manter a América Latina e o Caribe como uma zona de paz, livre de conflitos, sem interferência de interesses alheios'”, acrescentou.

Mais cedo, o chanceler venezuelano, Yván Gil, também adotou um tom mais amistoso ao falar sobre o encontro com o presidente Guiana. “Vamos a São Vicente com muitas expectativas, com muita alegria e com muita esperança de paz, de conciliação, de trabalho”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, ressaltando que a Venezuela trabalhou “com todos os governos que estiveram na Guiana até 2015”, ano em que a gigante americana ExxonMobil descobriu vastos campos de petróleo em águas disputadas. “O diálogo deve colocar fim a essa escalada”, projetou Gil. “A simples convocação e aceitação para comparecer ao diálogo já é um profundo sucesso”, finalizou.

Brasil não vai se envolver no conflito

Em meio a escalada na tensão, o Brasil vem se mantendo neutro e diz que não se envolverá no conflito. Nesta segunda-feira, 11, o ministro da Defesa, José Múcio, reforçou que não permitirá a entrada das tropas venezuelanas em seu território. Na semana passada, o ministro já havia reforçado a fronteiro – atualmente, há 20 blindados e 150 soldados em Roraima. “O Brasil não vai se envolver em hipótese nenhuma. O presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) dá consciência disso e nós já reforçamos. Já era ideia nossa reforçar Roraima porque Roraima tem o problema dos índios, problema dos garimpeiros, problema de drogas, problema de todo mundo. Evidentemente, que precipitamos e estamos aumentando o contingente lá em um tempo mais curto para evitar qualquer problema”, disse o ministro da Defesa.

*Com informações da AFP

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