Manifestantes desafiam polícia em novo protesto nas ruas de Hong Kong

  • Por Jovem Pan
  • 20/10/2019 09h54
EFE Protestos aconteceram neste domingo mesmo com proibição da polícia

Milhares de pessoas retornaram às ruas de Hong Kong neste domingo (20) para participar de uma manifestação não autorizada contra o governo local, na qual os mais radicais novamente optaram por bloquear estradas, fazer fogueiras e lançar coquetéis molotov contra delegacias.

A manifestação, que começou pacífica no bairro central de Tsim Sha Tsui, teve como temas a oposição à recente lei anti-máscaras e a cobrança de uma reforma na polícia, sobre a qual pesam várias acusações de brutalidade.

Depois das 16h30 (hora local; 5h30 em Brasília), o caos voltou tomar conta da cidade, quando os radicais iniciaram os bloqueios das estradas, lançaram coquetéis molotov contra delegacias e vandalizaram caixas eletrônicos e estações de metrô.

Vários estabelecimentos comerciais chineses foram pichados com as inscrições “O Partido Comunista Chinês será destruído pelo céu” e “Libertem Hong Kong”, de acordo com o jornal “South China Morning Post”.

A polícia utilizou gás lacrimogêneo contra os mais radicais e jatos de água para abrir caminho entre os manifestantes. Ao justificar a decisão de proibir a manifestação deste domingo, a corporação alegou que este tipo de concentração tende a gerar incidentes de violência.

O legislador e ativista Leung Kwok-hung criticou a decisão da polícia de proibir a manifestação por considerar que essa postura constitui uma violação do direito à reunião incluído na Lei Básica (a Constituição local).

“As autoridades obrigaram os cidadãos de Hong Kong a violarem a lei”, denunciou Leung.

Sempre que a polícia se nega a autorizar alguma manifestação, as pessoas vão para as ruas de maneira espontânea. Muitos desses protestos improvisados terminaram em confrontos entre agentes e radicais.

Os protestos, que se agigantaram em junho por causa de um polêmico projeto de lei de extradição para a China continental – já descartado pelo governo local -, se tornaram um movimento que busca melhoras nos mecanismos democráticos de Hong Kong e se opor ao autoritarismo de Pequim.

Segundo a chefe do governo local, Carrie Lam, a lei anti-máscaras visa facilitar a identificação dos manifestantes para assim acabar com a violência.

No entanto, a lei não obteve o sucesso desejado e os “pan-democratas” se preocupam que para aprová-la sejam aplicadas regulações de emergência, criadas em 1922 e usadas pela última vez em 1967, quando Hong Kong ainda era parte do Reino Unido.

Lam teve que suspender na semana passada o discurso que faria sobre a situação da região devido às constantes interrupções dos opositores que a vaiaram. No fim, se pronunciou através de uma mensagem em vídeo.

No discurso, Lam não anunciou reformas no âmbito político nem cedeu a nenhuma das quatro exigências dos manifestantes: uma anistia aos detidos, uma investigação independente sobre a brutalidade policial, a revogação do termo “revolto” para os protestos de 12 de junho e a introdução do sufrágio universal na eleição do chefe do governo.

No dia 4 de setembro, Lam anunciou a única concessão feita até agora ao movimento pró-democrático: a retirada do polêmico projeto de lei de extradição que teria permitido que Pequim recebesse “fugitivos” refugiados em Hong Kong para julgá-los em solo chinês, sob um sistema judicial sem garantias.

*Com Agência EFE

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