MP da Bolívia pede 6 meses de prisão preventiva para Jeanine Áñez

O organismo alegou “risco de fuga” da ex-presidente interina, que está sendo acusada de sedição, terrorismo e conspiração; EUA pede defesa dos direitos civis

  • Por Jovem Pan
  • 14/03/2021 17h27 - Atualizado em 14/03/2021 17h38
EFE/ Stringer Jeanine Añez, ex-presidente interina da Bolívia, pode ficar presa preventivamente por seis meses A ex-presidente interina Jeanine Áñez está sendo mantida em uma cela desde que foi detida neste sábado, 13

O Ministério Público da Bolívia solicitou neste domingo, 14, que a ex-presidente interina Jeanine Áñez fique em prisão preventiva por seis meses no presídio Obrajes de Mujeres, na capital La Paz. O organismo do governo justificou o pedido citando “risco de fuga” de Áñez, que está sendo acusada de “sedição, terrorismo e conspiração” durante a crise de 2019, que culminou na renúncia de Evo Morales da presidência. Ela foi detida neste sábado, 13, na região amazônica de Beni. Dois ex-ministros interinos de Jeanine Ánez – Álvaro Coímbra da Justiça e Álvaro Rodrigo Guzmán da Energia – também foram presos e transferidos para La Paz, onde permaneceram em silêncio durante os seus depoimentos. Assim como a ex-presidente, eles serão mantidos em prisão preventiva por seis meses, só que no presídio masculino San Pedro.

Sem mencionar Jeanine Áñez diretamente, os Estados Unidos pediram que a Bolívia defenda os direitos civis e humanos. “Instamos nossos amigos e vizinhos da Bolívia a defender todos os direitos civis e as garantias do devido processo da Convenção Americana sobre Direitos Humanos e os princípios da Carta Democrática Interamericana”, disse Julie Chung, chefe da América Latina no Departamento de Estado. Horas depois, o ex-presidente Evo Morales escreveu em seu perfil no Twitter: “Esclarecer o golpe de Estado de novembro de 2019, fato doloroso que tem testemunhos e elementos jurídicos e constitucionais, não é apenas defender a democracia na Bolívia, mas também na América Latina e no Caribe”.

Após as eleições de 2019, a Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgou relatório informando que houve “operações maliciosas” que alteraram “a vontade expressa nas urnas”. Morales insiste que não houve fraude e destacou que quase um ano depois os resultados das eleições em que Luis Arce conquistou a presidência provam que ele diz a verdade. “Depois de mais de um ano do golpe cívico, policial e militar na Bolívia, eles não conseguiram provar que houve fraude eleitoral com um relatório da OEA amplamente contestado. A melhor prova é o resultado da eleição de 2020: o MAS-IPSP obteve 55% dos votos do povo”. A renúncia de Morales em 10 de novembro de 2019 deixou um vácuo de poder, de forma que a então senadora Jeanine Áñez acionou o mecanismo de sucessão e assumiu a presidência com o aval do Constitucional Tribunal e posteriormente com a aprovação por decreto do Parlamento, onde o MAS foi a maioria.

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