Mugabe confirma a Zuma que está detido em casa, mas que está bem

  • Por Jovem Pan com EFE
  • 15/11/2017 10h34 - Atualizado em 15/11/2017 10h36
EFE/ Aaron Ufumeli Presidente do Zimbábue, Robert Mugabe (direita), e vice Emmerson Mnangagwa

O presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, conversou por telefone com seu homólogo da África do Sul, Jacob Zuma, e lhe confirmou que está “encarcerado em sua casa”, mas que “está bem”, segundo informou nesta quarta-feira a emissora de televisão pública sul-africana “SABC”.

Em comunicado, Zuma anunciou que enviará ao Zimbabué o ministro da Defesa, Nosiviwe Mapisa-Nqakula, e o titular de Segurança, Bongani Bongo, para se reunir com Mugabe e com os comandantes das forças armadas, após a intervenção militar que começou ontem à tarde no Zimbabué e alimentou os rumores de um possível golpe de Estado.

O mandatário sul-africano, que também é presidente da organização regional Comunidade para Desenvolvimento da África Meridional (SADC, na sigla em inglês), reivindicou ao governo do Zimbabué e às forças armadas que “resolvam o impasse político de forma amistosa”.

A África do Sul, que mantém uma estreita relação com o país vizinho, pediu também ao exército do Zimbabué que “garanta que não se põe em perigo a manutenção da paz e a segurança no país”.

“O presidente Zuma pediu calma e contenção e expressou sua esperança de que os eventos no Zimbabué não desemboquem em mudanças inconstitucionais de governo, dado que isso seria contrário às posições tanto da SADC como da União Africana”, indica o comunicado.

“A SADC continuará acompanhando de perto a situação e está pronta para assistir onde seja necessário para resolver este impasse político”, acrescenta a nota.

O Zimbabué vivencia hoje um clima de alta tensão depois que as forças armadas deram um passo adiante contra o governo de Robert Mugabe.

Segundo as informações da imprensa local, os militares mantêm bloqueados os acessos a edifícios oficiais e detiveram vários ministros.

Em mensagem de madrugada na emissora de televisão pública, um porta-voz das forças armadas garantiu que não se trata de uma “tomada militar” do governo, mas de uma operação contra “criminosos do entorno do presidente”.

A tensão no Zimbabué começou a escalar na tarde de ontem, depois que vários tanques foram vistos se dirigindo à capital Harare, apenas um dia depois que o chefe das forças armadas do país, Constantine Chiwenga, advertisse que tomaria “medidas corretivas” se continuasse o expurgo de veteranos no partido de Mugabe, de 93 anos e no poder desde 1987.

O partido de Mugabe, a União Nacional Africana de Zimbabué-Frente Patriótica (ZANU-PF), respondeu ontem a Chiwenga ao afirmar que suas palavras sugeriam uma “conduta de traição” destinada a “incitar à insurreição e ao desafio violento da ordem constitucional”.

No contexto de fundo destas acusações se encontra a destituição, na semana passada, do ex-vice-presidente Emmerson Mnangagwa, um veterano de guerra que era apontado como sucessor do presidente.

Mnangagwa fugiu à África do Sul e, em comunicado, sustentou que “em breve controlaremos as molas do poder nos nossos belo partido e país”.

O passo à frente das forças armadas é visto no país como um ataque direto à facção do ZANU-PF alinhada com a esposa do presidente, Grace Mugabe, que exerceu um papel determinante na saída de Mnangagwa, após meses de ataques verbais.

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