Mugabe não renuncia e pede que Zimbábue volte à normalidade

  • Por Agência EFE
  • 19/11/2017 18h09 - Atualizado em 19/11/2017 19h42
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EFE/ Aaron Ufumeli O presidente deve passar por um processo de impeachment

O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, não renunciou neste domingo, como era esperado, e durante um pronunciamento em rede nacional insistiu na “necessidade de realizar ações para devolver o país à normalidade”.

Mugabe, acompanhado pelos altos comandantes do exército, pediu que o país não se “deixe levar pela amargura” e disse que “leva em conta” todas as queixas formuladas por diferentes camadas da sociedade e pelo seu próprio partido, que hoje o destituiu do cargo de líder e deu um prazo até amanhã ao meio-dia para que renuncie.

Sobre a revolta militar de terça-feira, o presidente indicou que esta “nunca representou uma ameaça contra a nossa ordem constitucional nem contra a minha autoridade como chefe de Estado, nem sequer como comandante-em-chefe das Forças Armadas”.

Sobre as desavenças em seu partido, como a com o ex-vice-presidente Emmerson Mnangagwa, que desencadearam a intervenção militar, Mugabe apontou que a legenda “estava falhando” no cumprimento “das suas próprias regras e procedimentos”.

Mugabe, de 93 anos, reconheceu que “alguns incidentes ocorreram aqui e ali”, mas disse “foram corrigidos, felizmente em pouco tempo, e os pilares da ordem se sustentaram”.

O presidente recomendou uma solução rápida para os conflitos geracionais no seio do partido governante, a União Nacional Africana de Zimbábue-Frente Patriótica (ZANU-PF), unindo os membros mais veteranos, que por sua vez devem aceitar novas regras.

Embora as ruas das principais cidades do país tenham se enchido de gente pedindo a saída de Mugabe, no poder desde 1980, o governante pediu que as diferenças sejam resolvidas com “dignidade e disciplina”, ao considerar que os zimbabuanos são “um povo predisposto à paz”.

Mugabe reconheceu que a economia nacional “está passando por um baque” desde a hiperinflação de 2008, que fez com que o Zimbábue perdesse sua própria moeda, e anunciou que inaugurava “uma nova cultura de paz” com o “compromisso de reverter” esta situação.

No entanto, culpou as discussões internas no ZANU-PF pelo mau momento econômico: “Os dardos públicos entre funcionários do alto escalão” geraram críticas “das quais não se pode escapar”.

Além disso, Mugabe reconheceu o papel dos veteranos de guerra, que também retiraram seu apoio ao presidente, apesar de estarem considerados entre os seus tradicionais apoios, e indicou que “devem voltar a ter um papel central” no país.

Desde a revolta militar de terça-feira, o presidente está em prisão domiciliar e se reuniu em duas ocasiões com comandantes do exército para negociar uma saída, que ainda não aconteceu, embora seu partido tenha anunciado que, caso Mugabe não renuncie, abrirá uma moção de censura contra ele.

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