Na ONU, Zelensky compara Exército russo ao Estado Islâmico e pede garantias de proteção
Presidente ucraniano falou ao Conselho de Segurança sobre a necessidade de uma reforma no modelo de atuação e solicitou que os russos sejam responsabilizados e excluídos do órgão
O presidente Volodymyr Zelensky discursou nesta terça-feira, 5, no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e falou sobre a situação na cidade de Bucha, onde dezenas de corpos de civis foram encontrados largados nas ruas. “O massacre em Bucha é apenas um dos exemplos do que os ocupantes têm feito em nossa terra”, disse Zelensky ao comparar as ações das tropas russas com as empregadas por outros exércitos, “não são diferentes das empregadas por outros terroristas, como o Estado Islâmico”. O líder da Ucrânia denunciou os crimes de guerra que estão acontecendo e relatou que: mulheres foram estupradas e mortas na frente dos filhos, pessoas tiveram a língua cortada por não estarem dizendo o que os soldados russos queriam ouvir e muitos corpos foram encontrados largados nas estradas e jogados em poços. “São os crimes de guerra mais terríveis desde a Segunda Guerra Mundial”, disse Zelensky. “Retornei ontem da cidade de Bucha. Não há um único crime que não cometeram. O Exército russo procurou e matou deliberadamente qualquer um que servia nosso país”, disse.
Durante seu discurso, que mais uma vez foi profundo e contou com o aplauso de todos que estavam presentes, ele pediu garantias de proteção. “Onde está a segurança que o Conselho de Segurança precisa garantir?”, questionou Zelenbsky. “Embora haja um Conselho de Segurança…onde está a paz? Quais são as garantias que as Nações Unidas precisam assegurar?”, acrescentou. O ucraniano também falou sobre a violação da Carta da ONU. “Está sendo violada a partir do artigo primeiro, que fala sobre manter a paz e garantir que ela seja aplicada”, disse. “Agora que a Carta da ONU foi violada literalmente, qual o sentido de todos os outros artigo?”, acrescentou.
Zelensky pediu que a Rússia seja excluída do órgão, do qual é um dos cinco membros permanentes, e que haja uma reforma no sistema das Nações Unidas, para que o direito ao veto não signifique direito a morrer. “Se não sabem como tomar esta decisão, podem fazer duas coisas. Excluir a Rússia como agressor e o responsável por iniciar a guerra, para que não bloqueie as decisões relacionadas com sua própria agressão, e depois, fazer tudo o que for possível para conseguir a paz”, afirmou Zelensky na presença do secretário-geral da ONU, António Guterres. “Ou então, a outra opção é demonstrar, por favor, que podemos reformar e mudar […] Se não houver alternativa, ou opção, o próximo passo seria sua dissolução por completo”, exigiu o presidente ucraniano.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.