Novos epicentros do coronavírus poderiam provocar ‘caos’, diz diretor da OMS
Uma nova reunião do comitê de emergência da OMS deve acontecer nesta quinta-feira (30) para analisar a possibilidade de declarar um alerta internacional sobre o vírus
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou nesta quarta-feira (29) as medidas que o país está adotando para controlar o epicentro do surto de coronavírus na cidade de Wuhan.
Ele destacou que se o número de focos da doença se espalhar pelo país, o mais populoso do mundo com quase 1,39 bilhão de pessoas, a situação se tornará “caótica”. “Se houver vários focos seria o caos”, alertou o diretor-geral da OMS em entrevista coletiva concedida em Genebra, na Suíça, após retornar de viagem à China.
A reunião com o presidente do país, Xi Jinping, teve como objetivo definir que a estratégia do país deve seguir sendo uma “intervenção forte e séria” como a que está ocorrendo em Wuhan, isolada pelas autoridades locais desde a última quinta. Cerca de 9 milhões de pessoas ainda estão na cidade.
Ghebreyesus convocou para esta quinta uma nova reunião do comitê de emergência da OMS para voltar a avaliar a possibilidade de declarar um alerta internacional sobre o coronavírus.
Uma das preocupações do órgão é a possibilidade de a doença chegar a países com um sistema de saúde debilitado, o que poderia contribuir com a propagação do vírus que já se espalhou por praticamente todas as regiões do mundo, ainda que de forma contida.
“Nos últimos dias, nos preocupou o progresso do vírus, com casos de transmissão entre humanos em países como Alemanha, Vietnã e Japão”, afirmou Ghebreyesus, citando o fato de que algumas pessoas foram internadas nesses locais sem ter viajado recentemente à China.
Na entrevista coletiva, o diretor-executivo da OMS para Emergências Sanitárias, Michael Ryan, explicou que a nova reunião do comitê, que ocorrerá uma semana depois do órgão descartar o alerta internacional, é justificada exatamente pelo surgimento de novos casos. “A decisão foi baseada no aumento dos casos e na evidência das transmissões entre humanos fora da China”, destacou o diretor-executivo da OMS.
Ryan lembrou que mais de 90% das 6 mil pessoas infectadas até agora estão na China e que o índice de mortalidade ainda é considerado baixo, de 2%.
O diretor acompanhou Ghebreyesus na viagem a Pequim e disse nunca ter visto um compromisso de resposta a uma crise como a atual como o assumido pela China. Para ele, o país adotou “extraordinárias medidas diante de um desafio extraordinário”.
“Há uma absoluta determinação do governo chinês de colocar a saúde dos chineses na frente de todo o resto, inclusive se isso tiver um impacto econômico”, assegurou.
Em contraste com as críticas que a China recebeu pela falta de transparência ao lidar com o surto do coronavírus responsável por provocar a síndrome respiratória aguda grave (Sars), entre 2002 e 2003, Ghebreyesus afirmou que atualmente o país está comprometido a colaborar. “Os esforços da China para conter o surto foram essenciais para prevenir uma maior expansão do vírus”, afirmou o diretor-geral da OMS.
*Com informações da EFE
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