Número de mortes em Gaza chegaria a 52; genro de Trump culpa palestinos

  • Por Estadão Conteúdo
  • 14/05/2018 14h07 - Atualizado em 14/05/2018 14h58
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EFE/ Mohammed Saber Centenas de palestinos enfrentam tropas israelenses na Faixa de Gaza, fronteira com Isreal, em protestos contra a mudança da embaixada dos EUA para Jerusalém

Forças israelenses teriam matado pelo menos 52 palestinos e deixaram cerca de 2.400 feridos em Gaza, durante protestos contra a abertura da Embaixada dos EUA em Israel, nesta segunda-feira, 14 de maio, segundo dados da Associated Press. Redes de TV americana dividiram suas telas com imagens da cerimônia e dos enfrentamentos, evidenciando o contraste da realidade vivida por israelenses e palestinos.

O número de mortos é o maior desde o conflito de seis semanas entre os dois lados que provocou a morte de pelo menos 2.125 palestinos em 2014, a maioria dos quais civis. O outro lado registrou baixas de 66 soldados e cinco civis.

O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel foi um dos mais controvertidos anúncios do presidente Donald Trump, que ficou isolado na decisão de transferir a embaixada do país à cidade, também reivindicada como capital pelos palestinos. Apesar Guatemala e Paraguai adotaram a mesma posição.

Em discurso na cerimônia de inauguração da representação diplomática, o genro de Trump, Jared Kushner, responsabilizou os palestinos pelos choques. “Como vimos nos protestos dos últimos dias e de hoje, os que provocam violência são parte do problema, não da solução”, afirmou.

Kushner disse ainda que a abertura da embaixada será vista no futuro como o início do processo que supostamente levará a paz à região. Mas muitos analistas acreditam que a decisão inviabilizou de maneira definitiva qualquer negociação entre israelenses e palestino que seja mediada pelo EUA.

Marido de Ivanka Trump, Kushner foi escolhido pelo presidente dos EUA para comandar esse processo e deverá divulgar sua primeira proposta sobre o assunto nas próximas semanas.

“Jerusalém é a capital eterna e indivisível de Israel”, declarou o primeiro-ministro do país, Binyamin Netanyahu, que obteve uma importante vitória política no momento em que é investigado por suspeita de corrupção. “Nós estamos em Jerusalém e nós estamos aqui para ficar”, afirmou.

Os palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como sua capital. Anexada por Israel em 1967, a região é considerada um território ocupado pela comunidade internacional.

Netanyahu também elogiou os soldados israelenses e ressaltou que eles estavam defendendo as fronteiras do país enquanto ele falava – uma menção indireta aos protestos em Gaza.

Horas antes da cerimônia, milhares de palestinos protestaram na divisão do território com Israel. Impedidos de cruzar a barreira de separa os dois lados, eles colocaram fogo em pneus e lançaram pedras e bombas incendiárias na direção dos soldados, que responderam abrindo fogo contra os manifestantes.

Os americanos sustentam que as fronteiras de Jerusalém ainda estão sujeitas a negociação no âmbito do processo de paz. Os palestinos decidiram se retirar das conversas em dezembro, quando Trump anunciou a mudança da embaixada para Jerusalém.

Com a decisão, o presidente dos EUA cumpriu uma de suas promessas de campanha, que agrada principalmente à sua base evangélica branca. O grupo votou em peso em Trump e vê no reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel o cumprimento de uma profecia bíblica.

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