Olavo de Carvalho se reúne com ex-estrategista de Trump nos EUA
O filósofo Olavo de Carvalho se reuniu na última sexta-feira (18) com Steve Bannon, ex-estrategista do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Washington. Eles haviam se conhecido um dia antes, em Virgínia, quando o americano decidiu visitar aquele que dá suporte ideológico ao governo do presidente Jair Bolsonaro, do qual é um entusiasta.
Curioso em relação ao Brasil, Bannon abriu as portas de sua “embaixada” — como chama a casa em que vive, localizada numa rua atrás da Suprema Corte americana — para doze convidados. A maior parte acompanhava o brasileiro.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o grupo de Olavo estava entusiasmado por ter sido recebido no sétimo andar do Departamento de Estado, considerado o das altas autoridades da diplomacia americana.
A aproximação com Olavo já era ensaiada por Bannon há alguns meses, desde que ele se encontrou com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, ainda no período de campanha eleitoral. Steve Bannon esteve por trás da estratégia de campanha de Trump e retórica nacionalista que ajudou o republicano a chegar à Casa Branca. Nos últimos dois anos, ele tem fomentado líderes e movimentos nacionalistas e de populismo de direita pelo mundo.
Entusiasta do vice-premiê da Itália e ministro do Interior Matteo Salvini, e do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, Bannon não esconde seu contentamento com o presidente brasileiro. No jantar com Olavo de Carvalho, o estrategista quis saber quais os rumos do governo de Bolsonaro. Ele também transpareceu preocupação com o “cara de Chicago”, que pode atrapalhar o avanço de uma agenda nacional no país — o “cara” é o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Os planos de privatização de Guedes, que é oriundo da escola neoliberal do Departamento de Economia da Universidade de Chicago, chocam com pontos defendidos por Bannon. Uma das fricções é a relação do Brasil com a China, criticada abertamente pelo filósofo brasileiro e por Bolsonaro. O presidente já defendeu em alguns momentos a tese de que os chineses estão “comprando o Brasil”.
Gerald Brant, executivo do mercado financeiro em Nova York, responsável pela ponte entre Olavo e Bannon, garante que “o mercado ama Bolsonaro”. Bannon rebateu: “”O mercado financeiro ama o capitão Bolsonaro, mas eles amam mais a Escola de Chicago”, e pergunta se Olavo conseguiria exercer influência sobre o ministro. O filósofo faz sinal negativo com a cabeça.
Durante o jantar, eles discutiram sobre as divergências dentro do governo. Para o grupo, as críticas internas ao pilar ideológico é criada pela imprensa que, na opinião deles, “tenta criar intriga todos os dias”. Bannon é crítico à imprensa tradicional e, embora não tenha perguntado sobre a cobertura jornalística no Brasil, questionou: “É uma questão de ideologia ou é porque vende mais jornal?”.
Eles emendaram a conversa sobre os “riscos” da chegada da CNN ao Brasil. Nos EUA, o canal é crítico a Trump. Bannon é cético sobre o canal ter apenas licenciado o uso da marca sem aplicar diretrizes da CNN americana. Para o ex-estrategista de Trump, a ida ao Brasil é uma tentativa de conter Bolsonaro. Olavo pondera que Bolsonaro pode se decepcionar com a CNN, indicando que o presidente não vê no novo canal uma ameaça.
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