Parlamento catalão adia debate de posse do presidente regional
O presidente do parlamento regional da Catalunha, Roger Torrent, anunciou nesta terça-feira que adia sem data o debate para a posse de um novo presidente dessa comunidade autônoma, que estava previsto para hoje.
Em um pronunciamento institucional, Torrent disse que esse adiamento permite “dar tempo” para que o Tribunal Constitucional resolva todas as alegações à decisão do sábado passado de impedir uma posse à distância do independentista Carles Puigdemont, que se instalou em Bruxelas no final de outubro para fugir da Justiça espanhola.
Veja a análise e mais informações do correspondente Jovem Pan em Londres, Ulisses Neto:
Torrent afirmou ainda que não planeja propor outro candidato que não seja Puigdemont, que aglutina o respaldo das forças independentistas, com 70 das 135 cadeiras da câmara regional catalã.
No sábado passado o Constitucional estabeleceu um período para a apresentação de alegações à sua medida cautelar contra a posse de Puigdemont, que, além de não poder debater à distância, devia pedir permissão a um juiz do Tribunal Supremo para fazê-lo pessoalmente, com o risco de ser levado à prisão provisória imediatamente.
O grupo político de Puigdemont, JxCat, apresentou essas alegações e hoje Roger Torrent assegurou que pediu aos advogados do parlamento que apresentem as suas para permitir que o debate de posse do próximo presidente catalão aconteça com “garantias”.
Na Bélgica, Puigdemont pediu ontem “amparo” do parlamento regional e hoje Torrent assegurou que se comprometeu a garantir sua imunidade e que possa apresentar-se como candidato ao governo dessa região de 7,5 milhões de habitantes.
Enquanto o Constitucional resolve nos próximos dias todos os recursos, Torrent não planeja propor outro candidato, para fazer frente ao que considera ataques do Estado através dos tribunais e da ação do Executivo espanhol.
“Nem a vice-presidente Soraya (Sáenz de Santamaría) nem o Constitucional decidirão quem deve ser o presidente” catalão, disse Torrent em alusão às iniciativas adotadas por Madri contra a candidatura de Puigdemont.
O pronunciamento de Torrent aconteceu de maneira improvisada, na mesma hora para qual estava marcada a reunião da mesa do parlamento catalão, que é o seu órgão reitor e que devia ordenar o desenvolvimento do debate de posse da tarde.
As forças independentistas têm maioria absoluta no parlamento autônomo após as eleições de 21 de dezembro convocadas pelo governo espanhol para restabelecer a legalidade constitucional e impedir o processo independentista, cujo ponto culminante foi uma declaração unilateral de independência aprovada por essa câmara em 27 de outubro.
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