Piñera tem menor índice de aprovação desde a redemocratização do Chile, diz pesquisa
Decretou permitiu que as Forças Armadas sejam enviadas para proteger serviços básicos sem precisar decretar Estado de Exceção
O presidente do Chile, Sebastián Piñera, alcançou o menor índice de aprovação desde o retorno da democracia no país. Com apenas 12% de apoio, seus pacotes de medidas sociais e a proposta de uma mudança na Constituição não foram suficientes para deter a onda de violência, que persiste desde o dia 18 de outubro.
A pesquisa, realizada pela Cadem, na quinta-feira (21) e sexta-feira (22), ouviu 706 pessoas, maiores de 18 anos de idade, habitantes das 16 regiões do país.
Nesta terça-feira (26), ainda há manifestações e barricadas em Santiago, Valparaíso e Concepción, além da convocação de uma nova greve geral. Piñera assinou hoje um projeto de lei que permite que efetivos das Forças Armadas sejam deslocados para resguardar infraestruturas de serviços básicos sem que seja necessário decretar Estado de Exceção.
O que se pretende é que os membros das Forças Armadas possam proteger linhas de transmissão, usinas de energia e hidrelétricas, sistemas de telecomunicações, hospitais, portos e aeroportos, e que os carabineros — a polícia do Chile — possa ficar totalmente a cargo da segurança dos cidadãos.
Piñera disse que o projeto “permitirá que muitos carabineros sejam liberados, de modo que, em vez de proteger esses lugares estratégicos, eles possam estar nas ruas e parques, protegendo a segurança e as casas dos chilenos”. “Assim, podemos concentrar policiais no trabalho de ordem pública e ter uma presença policial maior”, explicou.
Planos
Piñera anunciou ainda que nos próximos dias vai enviar ao Congresso dois planos: um para recuperar as cidades dos danos gerados nos protestos; e outro para impulsionar a economia nacional, severamente afetada pelas longas manifestações e greves.
“O que faremos com esse plano para impulsionar a economia é recuperar nossa capacidade de crescer, criar empregos, melhorar salários, criar oportunidades para as pequenas e médias empresas e, dessa forma, conseguir que nossa economia se levante e recupere seu curso em direção ao progresso e desenvolvimento”, afirmou.
De acordo com o presidente, o governo está trabalhando em cinco frentes, simultaneamente, para tentar tirar o país da crise e frear as manifestações. Uma iniciativa é a Agenda Social, que trata de melhoras nas aposentadorias, redução dos preços do transporte para idosos, redução no preço dos medicamentos, entre outras medidas.
A outra é a nova Constituição, que deve ser levada ao Congresso em abril do ano que vem. Um terceiro ponto é a redução dos salários e das verbas de gabinete de parlamentares e altos funcionários do setor público.
O presidente propôs ainda o “fortalecimento da ordem pública e da paz”, e o decreto firmado hoje, para a colaboração das Forças Armadas com a polícia, faz parte dessa frente de trabalho. “Essa lei, que permite a colaboração das Forças Armadas, não implicará nenhuma restrição às liberdades e direitos dos chilenos, conforme estabelecido pelo Estado de Exceção. E, de maneira nenhuma, significa que as Forças Armadas estarão envolvidas ou participando da manutenção da ordem pública. Essa tarefa ficará a cargo de nossas forças policiais e de segurança”, assegurou Piñera.
Abuso
A polícia chilena, de acordo com informações do Ministério Público, é acusada de cerca de mil casos de abuso em conflitos com manifestantes. Até o momento, o Chile já registrou 23 mortes, quase 3 mil civis feridos e mais de 200 pessoas que perderam ou tiveram a visão afetada devido a ferimentos por bala de borracha. Mais de 2 mil policiais ficaram feridos.
Pelo menos 86 eventos graves foram registrados desde o início das manifestações, como incêndios, atropelamentos, barricadas e intensos conflitos entre a polícia e os manifestantes.
* Com informações da Agência Brasil
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