Polícia de Nova York terá que divulgar vídeos e áudios de ações que terminem com feridos ou mortos

O anúncio foi feito pelo prefeito da cidade, Bill de Blasio, nesta terça-feira (16). As imagens deverão ser disponibilizadas online para conhecimento da sociedade

  • Por Jovem Pan
  • 16/06/2020 16h03
EFE/EPA/ETIENNE LAURENT protestos-george-floyd-eua EUA: Um policial avança contra manifestantes durante protestos antiracistas

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, divulgou nesta terça-feira (16) mais mudanças no Departamento de Polícia, que a partir de agora terá que tornar públicos os vídeos e áudios das câmeras corporais usadas pelos policiais sempre que uma pessoa morrer ou foi encontrada ferida em um acidente.

De Blasio disse que a nova regra para o uso de câmeras usadas pelos agentes em seus uniformes entra em vigor de forma imediata e que a polícia terá 30 dias para publicar as imagens, que ele garante resultará em transparência e será “crucial” para restabelecer a confiança nesse departamento. A mudança acontece após semanas de protestos pela morte de George Floyd, homem negro brutalmente assassinado, em Minneapolis, por um policial branco.

“A fé tem de ser restaurada entre a polícia e a comunidade. O respeito é muito importante entre ambas as partes”, disse De Blasio, durante sua entrevista coletiva diária. Os vídeos e áudios devem ser publicados on-line para que os nova-iorquinos vejam, mas a vítima ou a família devem ser notificadas com antecedência e terão a oportunidade de visualizar as imagens.

O Departamento de Polícia tem um guia sobre a divulgação desses vídeos e áudios. A nova política anunciada por De Blasio expande as diretrizes. “Quando as pessoas veem esse tipo de transparência, isso cria confiança, há muito mais por vir nas próximas semanas”, disse Blasio. Ainda nesta terça, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto que delimita formas de atuação da polícia norte-americana.

Em 2014, a polícia de Nova York iniciou um programa piloto para o uso de câmeras de vídeo corporal, como parte de uma iniciativa anunciada naquele ano pelo então presidente Barack Obama, com o objetivo de aumentar a confiança nos agentes após vários incidentes ocorridos no país.

O programa piloto, que foi concluído em 2019, começou em Nova York após a morte do negro Eric Garner naquele ano, durante abordagem policial, onde um agente branco lhe aplicou uma chave de estrangulamento que o impedia de respirar na tentativa de prendê-lo. Novas leis estaduais também tornaram ilegal o uso dessa tática.

O anúncio do prefeito vem depois que o chefe de polícia Dermot Shea ter comunicado que a unidade anti-crime será desmontada e que os 600 policiais que a compõem serão transferidos para outras unidades. O agente Daniel Pantaleo, que assassinou Garner, pertencia a essa unidade. Ele que não enfrentou acusações em nível local ou federal, mas foi demitido da polícia em 2019 após um julgamento interno.

“Continuamos aprendendo lições, ouvindo vozes para avançar e mudar para uma política comunitária. As pessoas precisam ser respeitadas. Há uma necessidade de mudança na polícia”, disse o prefeito. “As câmeras corporais são tão poderosas quanto a transparência que as acompanha”, disse De Blasio, insistindo que “o momento exige mudanças” que, segundo ele, serão realizadas levando em consideração a segurança da população.

Há anos que as comunidades minoritárias em Nova Iorque vêm exigindo mudanças na polícia. Uma de suas políticas para parar e revistar os nova-iorquinos na rua, que tinham como alvo principal os negros e os latinos-americanos, foi declarada inconstitucional em 2013, após um julgamento no tribunal federal.

*Com informações da EFE

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