Portugal vai às urnas neste domingo com possível aceno ao avanço da extrema direita

Pesquisa divulgada nos últimos dias aponta que o conservador Aliança Democrática (AD) deve ser o partido mais votado, mas precisaria do Chega para obter maioria absoluta

  • Por Sarah Américo
  • 09/03/2024 22h47
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PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP Luiz montenegro portugal Líder da Aliança Democrática (AD), Luis Montenegro, faz sinal de vitória aos apoiantes no final do último comício da campanha eleitoral em Lisboa, no dia 8 de março

Portugal enfrenta neste domingo, 10, as eleições legislativas, que acontecem dois anos antes do previsto e podem devolver o poder à direita, após oito anos de governo socialista, abalados por denúncias de tráfico de influência. A votação foi convocada após a renuncia do primeiro-ministro António Costa, em novembro do ano passado, após investigações contra ele de suspostas ilegalidades na administração estatal de grandes projetos de investimento. Esta renúncia marca o fim de Costa à frente do governo português, onde permanecia desde 2015 e em três legislaturas diferentes. Segundo uma pesquisa divulgada nos últimos dias, o conservador Aliança Democrática (AD) deve ser o partido mais votado em Portugal, mas precisaria do Chega, de extrema-direita, para obter maioria absoluta. Vários países da União Europeia (UE), incluindo Itália, Eslováquia, Hungria e Finlândia, são governados por coalizões integradas por partidos de extrema-direita.

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Os candidatos com mais chances de suceder Costa, segundo as pesquisas, são o socialista Pedro Nuno Santos – Partido Socialista – e o conservador Luís Montenegro, da Aliança Democrática (AD). A pesquisa, realizada pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa para os veículos de imprensa Público, RTP e Antena 1, mostra que a AD e a Iniciativa Liberal acumulariam 40% dos votos e, na melhor das hipóteses, isso se traduziria em 108 deputados (94 assentos na pior das hipóteses), dos 230 do Parlamento.

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Llíder do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos (R), acompanhado pelo primeiro-ministro português cessante, António Costa (E), participa num comício de rua em Lisboa, em 8 de março de 2024 │PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP

O sucessor do primeiro-ministro António Costa como líder dos socialistas, Pedro Nuno Santos, já afirmou que não pretende atuar contra a formação de um governo minoritário de centro-direita. Montenegro, candidato da AD, formada com dois pequenos partidos conservadores, já descartou qualquer acordo com a extrema-direita e espera formar uma maioria estável com a ajuda da legenda Iniciativa Liberal (IL).

Na sexta-feira, os candidtaos encerram sua campanha eleitoral. André Ventura, líder do Chega, aposta no voto dos jovens. Em seu último dia de campanha, ele atacou o presidente português Marcelo Rabelo Souza. “É inaceitável que alguém queira dizer ao povo português que um partido jamais governará”, disse Ventura. Segundo o portal Expresso, o líder portugês não é a favor da formação de um governo com os votos do Chega, um partido jovem – foi fundado em 2019 por um ex-comentarista de futebol que virou o carrasco das elites político-econômicas – e aparece com entre 15 e 20% das intenções de voto. Nas eleições legislativas de janeiro de 2022, a legenda anti-imigração – mas não antieuropeia – recebeu 7,2% dos votos e conseguiu 12 cadeiras em um Parlamento de 230 representantes.

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Líder do partido de extrema-direita Chega, André Ventura, faz sinal de positivo ao participar num comício de rua em Lisboa, em 8 de março de 2024 │PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP

O presidente Rebelo, por sua vez, apelou aos portugueses para que compareçam às urnas e defendeu que neste momento é quando “mais importa” votar, diante dos “tempos muito difíceis” que estão sendo vividos internacionalmente e que se refletem no país. “Os portugueses, em tempos como este, em que as guerras lançaram guerras econômicas e sociais, que esperaríamos superadas pelo fim da pandemia, é nesses momentos que é mais importante votar”, disse Tabelo em uma transmissão ao vivo e recordou que este ano Portugal celebra 50 anos da Revolução dos Cravos que pôs fim à ditadura. Diferente de outros países, a extrema-direita demorou mais que em outras nações para abalar o cenário político, mas a teoria de uma exceção lusitana foi descartada.

Sob o governo socialista desde 2015, quando o Partido Socialista, do ex-primeiro ministro, venceu com mais de 41% dos votos, a economia portuguesa cresceu de maneira sólida aicma dos 2% ao ano, com exceção da queda provocada pela pandemia, em 2020. Contudo, apesar desse resultado positivo, o país segue como um dos mais pobres da Europa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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