Presidente da Guiana diz que Maduro ameaça a integridade territorial de seu país e aciona a ONU

Irfaan Alí contatou secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e os Estados Unidos para informas sobre a situação e disse que não vai permitir que o território de seu país seja violado

  • Por Jovem Pan
  • 06/12/2023 11h00 - Atualizado em 06/12/2023 12h37
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Bryan R. Smith / AFP irfaan ali Presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, discursa na 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas na sede da ONU na cidade de Nova York

O presidente da Guiana, Irfaan Alí, reagiu as novas declarações do líder Venezuela, Nicolás Maduro, que apresentou na terça-feira, 5, e afirmou que as declarações de Maduro são uma “ameaça direta” contra território guianense. Ele rejeitou as medidas anunciadas pelo chefe de Estado venezuelano sobre o território de Essequibo. “Esta é uma ameaça direta à integridade territorial, à soberania e à independência política da Guiana”, disse Ali pouco depois do discurso de Maduro sobre licenças de exploração na região de Essequibo. Ali anunciou que levará “o assunto ao Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para que o organismo adote as medidas apropriadas” e disse que entrou em contato com secretário-geral da ONU, António Guterres, e o Comando Sul dos Estados Unidos para informá-los sobro o ocorrido. Em sua opinião, estas ações da Venezuela vão contra o direito internacional e constituem uma grave ameaça à paz e segurança internacionais.

“Não permitiremos a violação do nosso território, nem que o desenvolvimento do nosso país seja prejudicado por esta ameaça desesperada”, disse Ali, que informou que seu país vai seguir a decisão do Tribunal de Haia, que proibiu que a região seja anexação por Caracas e pediu que o país evite a escalda do conflito. Na terça-feira, 5, Maduro compartilhou o novo mapa da Venezuela, com a anexação de Essequibo, e ordenou que as empresas estatais comecem a explorar petróleo em uma área ao redor do rio Essequibo, embora o território seja objeto de disputa com a Guiana. Ali também declarou que a Força de Defesa da Guiana está “em alerta máximo” e em contato com seus homólogos militares em outros países, incluindo o Comando Sul dos Estados Unidos. “As medidas anunciadas ignoram descaradamente a ordem emitida pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) em 1º de dezembro de 2023”, denunciou Ali. No entanto, o tribunal de Haia não pediu diretamente o cancelamento da realização do referendo do dia 3, como a Guiana havia solicitado. “Ao desafiar o Tribunal, a Venezuela rejeitou o direito internacional, o Estado de direito em geral, a justiça e a preservação da paz e segurança internacionais. Declarou-se literalmente uma nação fora da lei”, ressaltou o presidente guianense.

Os dois países disputam há anos esse território que, em 2015, foi descoberto que é rico em petróleo. No mês passado, a Guiana anunciou outro importante descobrimento que acrescenta, pelo menos, 10 bilhões de barris às reservas do país, tornando-as maiores que as do Kuwait e dos Emirados Árabes Unidos. Desta forma, a país possui as maiores reservas de petróleo per capta do mundo e a Venezuela, as maiores reservas já provadas do planeta. Essequibo, uma região de 160.000 km² a oeste do rio Essequibo, representa 70% do território guianês e, atualmente, vivem 125 mil dos 800 mil habitantes desse país que se tornou independente. Caracas argumenta que o rio Essequibo é a fronteira natural, como em 1777 quando era colônia da Espanha, e apela ao acordo de Genebra, assinado em 1966 antes da independência da Guiana do Reino Unido, que estabelecia as bases para uma solução negociada e anulava um laudo de 1899, que fixou os limites atuais.

 

 

 

 

 

 

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