Presidente do Peru nega ‘massacre’ denunciado pela CIDH em protestos no país

Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) analisou os meses de protestos contra o governo; 66 pessoas morreram

  • Por Jovem Pan
  • 04/05/2023 00h30
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EFE/ Hugo Curotto protestos no Peru Protestos violentos assombraram o país no início do ano contra o governo

A presidente do Peru, Dina Boluarte, negou nesta quarta-feira, 3, que tenham ocorrido “execuções extrajudiciais” e um “massacre” durante os protestos contra o governo que sacudiram o país nos últimos meses, como afirmou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) em seu último relatório. “Como em qualquer relatório, há questões com as quais não concordamos, mas respeitamos, especialmente vindo de um órgão do sistema interamericano de direitos humanos como a CIDH. De fato, rejeitamos a suposta existência de execuções extrajudiciais e a qualificação de massacre, mesmo quando são mencionados de maneira condicional nos eventos que ocorreram durante os protestos”, declarou a presidente, que estava acompanhada de ministros. Em seu relatório, a CIDH afirma que a resposta do Estado aos protestos que aconteceram após o autogolpe fracassado do ex-presidente Pedro Castillo “foi caracterizada pelo uso desproporcional, indiscriminado e letal da força”. O órgão também denunciou que na cidade andina de Ayacucho houve casos de “execuções extrajudiciais, que teriam resultado em graves violações dos direitos humanos”. Boluarte alegou que as mortes ocorridas durante os protestos estão sendo verificadas pela Justiça e que é “importante” que essas investigações avancem rapidamente para encontrar os responsáveis.

A presidente defendeu as Forças Armadas do Peru e a Polícia Nacional, que “sempre estarão a serviço da sociedade para proteger sua integridade”. “O relatório geral sempre usa condicionalidades, os membros da CIDH passaram dois ou três dias, (…) não creio que tenham conseguido chegar a conclusões, por isso falam condicionalmente”, disse Boluarte, em relação às visitas ao país feitas pela instituição em dezembro de 2022 e janeiro passado. O primeiro-ministro peruano, Alberto Otárola, declarou que “não parece adequado aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade que a CIDH conclua que houve episódios graves de uso da força depois de apenas uma entrevista e duas visitas ao Peru”. A presidente peruana negou que tenha havido racismo durante a repressão aos protestos, como indica o relatório, e afirmou que em seu governo “não há discriminação por motivos de raça, religião ou qualquer outro tipo”, se referindo a várias citações de membros do Executivo durante os últimos meses que as organizações de direitos humanos criticaram.

“Desde que assumimos o cargo, não houve nenhum discurso de polarização entre um ou outro, muito menos de divisão. Sempre pedimos unidade, paz e diálogo”, acrescentou Boluarte. Ela parabenizou o fato de o documento da CIDH ser firme na condenação ao golpe de Estado, realizado pelo então presidente Pedro Castillo em 7 de dezembro de 2022, e o reconhecimento do órgão regional da rápida resposta das instituições peruanas para preservar a ordem constitucional e o Estado de Direito durante aqueles eventos. Boluarte enfatizou que o Estado respeita os compromissos internacionais de direitos humanos, que são “pilares fundamentais” para o governo, e que, por esse motivo, assim que os protestos começaram em dezembro de 2022, a CIDH foi convidada ao país para avaliar a situação.

*Com informações da EFE

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