Presidente do Senado boliviano critica pedido ao Brasil para impedir reeleição de Evo
A presidente do Senado da Bolívia, Adriana Salvatierra, criticou nesta sexta-feira (3) o pedido de opositores bolivianos para que o Brasil interceda na Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) contra a candidatura à reeleição do presidente Evo Morales. “Violam a soberania”, lamentou Salvatierra em declarações à imprensa em La Paz.
Salvatierra referia-se a uma reunião realizada nesta quinta-feira (2), em Brasília, de membros de comitês contrários a Morales e a senadora opositora do partido Unidade Democrata, Carmen Eva Gonzales, com o chanceler Ernesto Araújo para pedir que transfira à CIDH seu pedido contra a candidatura do presidente boliviano.
A presidente do Senado afirmou ainda que este pedido não respeita “a autodeterminação e a soberania” da Bolívia, já que “os fiadores da Constituição [boliviana] não são terceiros países”.
Salvatierra criticou as “ações sistemáticas” de Gonzales nesta linha, como uma carta que escreveu com outros opositores e foi enviada ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para pedir que intervenha na Organização dos Estados Americanos (OEA) também contra a candidatura de Morales.
A senadora lembrou que Gonzales também propôs o retorno à Bolívia da DEA, agência de repressão e controle de narcóticos dos EUA, expulsa pelo governo de Morales em 2008, pouco depois de ele assumir o poder.
O pedido ao ministro das Relações Exteriores brasileiro foi elaborado por membros de plataformas como o Comité Pro Santa Cruz e Las Calles Bolivia. Estas plataformas e os partidos opositores da Bolívia denunciam que a candidatura de Morales é ilegal, apesar de ter sido autorizada pelo órgão eleitoral do país, por descumprir o limite constitucional de dois mandatos seguidos e um referendo de 2016 ter lhe negado a possibilidade de concorrer à reeleição.
No entanto, o Tribunal Constitucional da Bolívia determinou em 2017 o direito a uma reeleição indefinida no país e, com base nessa decisão judicial, o órgão eleitoral autorizou a candidatura em 2018. As eleições gerais da Bolívia estão marcadas para o próximo dia 20 de outubro.
Evo Morales é o governante há mais tempo no poder na história da Bolívia – desde 2006 – e quer conseguir o quarto mandato consecutivo para se garantir à frente do governo até 2025, quando será comemorado o bicentenário de independência da Bolívia.
O Tribunal Constitucional já havia autorizado o terceiro mandato de Morales por entender que o primeiro não contava, alegando que o país foi refundado em 2009 como Estado Plurinacional.
*Com EFE
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