Presidente Maia Sandu proclama vitória nas eleições da Moldávia
Assim como na Geórgia, as eleições foram realizadas em meio a temores de interferência russa; Sandu recebeu felicitações de Ursula von der Leyen (presidente da Comissão Europeia) e de Macron (presidente da França)
A presidente pró-europeia Maia Sandu proclamou sua vitória nas eleições da Moldávia contra o candidato da oposição, Alexandre Stoianoglo, apoiado pelos socialistas pró-Rússia, ao final de uma eleição marcada pelo temor de interferência russa. Com quase todas as urnas apuradas, a presidente de 52 anos obteve 54% dos votos, vencendo Stoianoglo, ex-procurador de 57 anos apoiado por grupos pró-Rússia, segundo a Comissão Eleitoral.
“Moldávia, você é vitoriosa! Hoje, queridos moldavos, deram uma lição de democracia digna de figurar nos livros de História. Hoje, vocês salvaram a Moldávia!”, declarou Sandu em um discurso na sua sede de campanha. Stoianoglo liderou no início da contagem, mas a tendência acabou se invertendo a favor de Sandu conforme mais votos foram contabilizados.
Após o anúncio dos resultados, Sandu recebeu felicitações da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que expressou sua felicidade em “continuar trabalhando com você por um futuro europeu para a Moldávia e seu povo”. O presidente francês, Emmanuel Macron, também celebrou que a “democracia” tenha “triunfado diante de todas as interferências e manobras”.
Analistas previram uma disputa acirrada neste pequeno país de 2,6 milhões de habitantes, semelhante à observada na semana passada nas eleições legislativas na Geórgia, outra ex-república soviética, onde o partido governante venceu por pequena margem.
Temor de interferência russa
Assim como na Geórgia, as eleições foram realizadas em meio a fortes temores de interferência russa, que nega qualquer envolvimento. Durante todo o dia, as autoridades denunciaram “provocações e tentativas de desestabilização”. A polícia afirmou que estava investigando uma suposta provisão de “transporte organizado” por parte da Rússia para Belarus, Azerbaijão e Turquia, para permitir que eleitores residentes em seu território fossem votar em consulados ou embaixadas moldavas nesses países. Além disso, segundo a mesma fonte, houve ciberataques e falsos alertas de bomba durante a votação no exterior.
A chefe de Estado em fim de mandato, primeira mulher a ocupar a presidência em 2020 desse país situado entre a Otan e a esfera de influência russa, distanciou-se do presidente russo, Vladimir Putin, após a invasão da vizinha Ucrânia em 2022.
Sandu, economista de formação, liderou com ampla vantagem o primeiro turno das eleições presidenciais, realizado em 20 de outubro, mas seu adversário Stoianoglo contou com o apoio de vários candidatos menores. Neste domingo, a taxa de participação foi notavelmente mais alta que no primeiro turno.
Há duas semanas, no referendo sobre a inclusão na Constituição moldava do projeto de adesão à União Europeia (UE), o “sim” venceu com apenas 50,35% dos votos. A situação atribuiu a vitória apertada à compra maciça de votos e, para evitar que isto volte a ocorrer neste domingo, intensificou a campanha nas redes sociais e nos povoados.
As negociações de adesão foram formalmente abertas em junho deste ano. Stoianoglo, por sua vez, fez campanha com uma linguagem sem arestas e um vocabulário no qual palavras russas se misturam à língua oficial romena. Em um discurso, o candidato prometeu ser “o presidente de todos” e negou “ter relações com o Kremlin” ou qualquer envolvimento “em fraudes eleitorais”.
Após votar, acompanhado da mulher e da filha, ele disse que buscava um país “que não peça esmola, mas que desenvolva relações harmoniosas tanto com o leste quanto com o oeste”. Esta ex-república soviética, independente desde 1991, está polarizada. Em Chisinau e na diáspora predominam os apoiadores da causa europeia; enquanto nas zonas rurais, assim como na região separatista da Transnístria e na região autônoma de Gagaúzia, os pró-russos são maioria.
A eleição foi acompanhada com atenção pela UE e pelos Estados Unidos, preocupados com a possibilidade de interferência russa. A Moldávia está “pagando um preço alto” por sua decisão de cortar laços com a Rússia, ressalta o especialista do WatchDog. “A pressão é enorme e o dinheiro gasto nestas atividades desestabilizadoras é colossal”, acrescentou. Segundo ele, o objetivo destas campanhas é recolocar a Moldávia “na órbita da Rússia”.
*Com informações da AFP
Publicado por Carolina Ferreira
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