Primeiro-ministro da Itália será ouvido em investigação sobre pandemia

Giuseppe Conte falará na próxima sexta-feira (12). A falta de isolamento imediato nas regiões classificadas como ‘zonas vermelhas’ será um dos focos da oitiva

  • Por Jovem Pan
  • 10/06/2020 18h11
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Chigi Palace/EFE Giuseppe Conte é o atual primeiro-ministro da Itália

O Ministério Público da cidade de Bérgamo, foco de Covid-19 no norte da Itália, ouvirá integrantes do governo, entre eles o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, como parte da investigação sobre a gestão da pandemia.

Os procuradores convocarão o premiê; a ministra do Interior, Luciana Lamorgese; e o ministro da Saúde, Roberto Speranza, informou nesta quarta-feira a imprensa local.

No Palácio Chigi, sede da presidência do governo, Conte antecipou que falará na próxima sexta-feira (12), com “plena serenidade” e “sem arrogância”, para esclarecer suas decisões.

“O que tiver que dizer ao procurador, falarei diante dele, não posso adiantar. Vou declarar devidamente sobre todos os fatos em meu conhecimento. Não estou nada preocupado”, frisou.

A Itália já registrou mais de 235.500 casos de Covid-19, entre eles 34 mil óbitos. O país ficou bloqueado durante quase dois meses e meio, principalmente no norte.

Falta de isolamento imediato será questionada

O foco dos procuradores é perguntar aos integrantes do governo as razões que os levaram a não isolar imediatamente como “zonas vermelhas” os municípios de Nembro e Alzano Lombardo, ambos no norte e entre os mais impactados.

No dia 21 de fevereiro, foi confirmado o primeiro caso de contágio de coronavírus no município de Codogno, na Lombardia. Um dia após a crise explodir, o governo decretou o isolamento de 11 focos, dez na Lombardia e um no Vêneto.

Entre as dez localidades da Lombardia não estavam Nembro e Alzano, zonas industriais na periferia da cidade de Bérgamo. Nesta quarta, parentes de vítimas da Covid-19 denunciaram a procuradores que o governo demorou demais para fechar esses dois lugares, que acabaram sendo muito impactados.

Ambos foram isolados em 8 de março, quando o governo decretou o fechamento de toda a região da Lombardia e outros territórios, um passo anterior ao confinamento de todo o país em 10 de março.

“Durante 15 dias, viajamos e trabalhamos enquanto o vírus circulava. Se tivessem fechado desde o início a província de Bérgamo, não precisaríamos fechar a Lombardia nem a Itália”, disse à imprensa local Stefano Fusco, cujo avô morreu devido à doença em um asilo para idosos.

Os denunciantes suspeitam que a decisão de não isolar imediatamente os dois municípios se deve a interesses econômicos, já que se trata de uma área com grande concentração empresarial em pleno motor econômico da Itália, a região da Lombardia.

*Com informações da EFE

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