Putin anuncia que concorrerá à reeleição em 2024

Sondagem do Fundo de Opinião Pública mostra que 70% dos russos defendem a candidatura do atual chefe de Estado e apenas 8% querem sua saída da política

  • Por Jovem Pan
  • 08/12/2023 11h17 - Atualizado em 08/12/2023 12h30
Sergei Guneyev/Sputnik/ AFP O presidente russo Vladimir Putin Em sua mensagem de ano novo, Vladimir Putin disse que "a justiça moral e histórica" está do lado da Rússia

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou, nesta sexta-feira, 8, que vai se candidatar à presidência nas eleições marcadas para março de 2024. Segundo ele, não há outra opção. Apesar do anuncio oficial só ter sido feito agora, esssa decisão já era algo esperado. A expectativa é que o chefe de Estado anuncie sua candidatura em 14 de dezembro, durante sua coletiva de imprensa anual, a primeira desde 2021. O russo comunicou ao tenente-coronel Artyom Zhoga, um oficial do Exército russo, sua decisão de participar das próximas eleições, após uma cerimônia de entrega de prêmios para militares no Kremlin. “Vocês têm razão, são tempos de tomar decisões e vou concorrer ao cargo de presidente da Rússia”, disse o chefe do Kremlin aos presentes no evento. Putin respondeu assim ao presidente do Parlamento da República Popular de Donetsk, Artiom Zhoga, que lhe perguntou sobre os seus planos. “Compreendo que hoje não possa ser feito de outra forma”, declarou o presidente russo a outro dos presentes na cerimônia, que também lhe pediu para que concorra nas eleições de março de 2024.

No poder desde 2000, o chefe do Kremlin condecorou hoje vários soldados que lutaram na Ucrânia por ocasião do Dia dos Heróis da Pátria. A presidente do Senado, Valentina Matviyenko, deu ontem “o sinal de partida para a campanha eleitoral” depois de a Câmara Alta ter convocado as eleições para 17 de março de 2024. A polêmica reforma constitucional de 2020 permite que Putin, de 71 anos, cumpra mais dois mandatos de seis anos cada, até 2036. De acordo com uma sondagem do Fundo de Opinião Pública, 70% dos russos defendem a candidatura de Putin e apenas 8% querem sua saída da política. Além disso, 78,5% dos russos confiam no atual inquilino do Kremlin e 75,8% aprovam sua gestão à frente do Estado. A oposição extraparlamentar liderada pelo detido Alexei Navalny decidiu não boicotar as eleições, uma opção apoiada por outros adversários, como o enxadrista Garry Kasparov. Por sua vez, os comunistas e ultranacionalistas, que têm representação parlamentar, deverão apresentar os seus próprios candidatos nas próximas semanas.

A Comissão Eleitoral Central (CEC) da Rússia anunciou que as eleições presidenciais serão realizadas durante três dias, de 15 a 17 de março de 2024, apesar das críticas da oposição que considera que esta prática incentiva a fraude. “A votação durante três dias tornou-se tradicional no nosso sistema eleitoral”, declarou a presidente da CEC, Ela Panfilova, que especificou que a comissão eleitoral introduziu a decisão com 13 votos a favor e apenas um contrário. “Foi adotado pela primeira vez durante a pandemia para garantir a segurança dos participantes, mas com o tempo este formato passou a ser apreciado pelos participantes”, comentou. A oposição ao Kremlin sustenta que a possibilidade de votar durante 72 horas estimula a fraude oficial e dificulta o controle da apuração, opinião mesma que tem sobre o voto eletrônico.

Nesse sentido, o titular da CEC antecipou que Moscou convidaria observadores estrangeiros, embora estivesse descartada a presença da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que sempre foi muito crítica às credenciais democráticas russas.  “Temos contatos extensos. O mundo é muito grande e não está limitado a países hostis”, disse Panfilova, que criticou as tentativas de interferência ocidental nas eleições russas. Em meados de agosto, a Justiça Russa tentou a prisão do chefe do principal coletor eleitoral independente deste país, o Golos, numa tentativa de impedi-lo de supervisionar as eleições presidenciais do próximo ano. “No mundo não existem análogos de tal controle sócio-político total, simplesmente não existe”, admitiu o presidente da comissão.

*Com agências internacionais 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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