Putin reconhece independência de regiões separatistas e ordena envio de tropas à Ucrânia

Decisão do mandatário russo é mais um ponto da escalada da tensão que envolve os países do leste europeu; anúncio gerou reação imediata de líderes do Ocidente

  • Por Jovem Pan
  • 21/02/2022 16h48 - Atualizado em 21/02/2022 23h40
Putin reconhece regiões separatistas Vladimir Putin reconhece independência de Donetsk e Lugansk

Depois de reconhecer a independência das regiões de Donetsk e Lugansk, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou dois decretos que autorizam o envio de tropas para as regiões separatistas da Ucrânia. A decisão do mandatário russo é mais um ponto da escalada da tensão no leste europeu e foi tomada na esteira dos esforços capitaneados por outros líderes do Ocidente, como o presidente da França, Emmanuel Macron, com o intuito de arrefecer a crise.

Putin anunciou o reconhecimento das regiões separatistas em um pronunciamento televisivo, transmitido na tarde desta segunda-feira, 21. Pela manhã, o autocrata já havia realizado uma reunião não programada do Conselho de Segurança para discutir a questão. No encontro, ele disse que o futuro da Ucrânia seria decidido ao longo do dia. No discurso, o presidente da Rússia fez uma análise histórica sobre a fundação do país vizinho e uma longa lista de críticas explicando por quais motivos reconheceu a independência dos dois territórios.

Segundo o presidente russo, a Ucrânia não é uma nação de verdade, pois nunca teve uma tradição consistente. “Eles começaram a copiar modelos estrangeiros que estão enraizados em sua cultura e história, mas não ouviram os seus moradores, e só adotaram essas medidas para atender ao que o ocidente quer”, disse Putin. Ele ainda fez questão de dizer que os moradores de lá são russos ortodoxos que estão sofrendo com as ações ocidentais na região e que os estados independentes estão criando um peso para a Rússia.

A decisão de Putin gerou uma reação imediata. Durante a tarde, Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse em seu perfil no Twitter que o reconhecimento de regiões separatistas é uma flagrante violação de direito internacional, acrescentando que a União Europeia e seus aliados vão responder com unidade, firmeza e determinação em solidariedade com a Ucrânia. A Organização do Atlântico Norte (Otan) condenou o reconhecimento pela Rússia da independência de Donetsk e Lugansk.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, denunciou o reconhecimento da independência das regiões separatistas da Ucrânia pela Rússia como uma violação flagrante da soberania do país e do repúdio dos acordos de paz de Minsk. “É claramente contrário ao direito internacional. É uma violação flagrante da soberania e da integridade da Ucrânia, é o repúdio dos acordos de Minsk”, declarou Boris Johnson durante coletiva de imprensa, considerando ser um mal presságio para a situação na Ucrânia. Johnson vê indícios de que as coisas evoluem em uma direção ruim na Ucrânia.

‘Violação da soberania nacional’ 

Em um pronunciamento em rede nacional, exibido na noite desta segunda e no início da madruga da terça, no horário local ucraniano, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky reagiu às decisões de Putin. O chefe de Estado disse que o reconhecimento da independência das regiões separatistas viola a soberania nacional ucraniana e cobrou “ações concretas” do Ocidente. Zelensky também reforçou que o país busca uma saída diplomática para a crise. “Estamos comprometidos com uma solução pacífica e diplomática. Estamos em nossa própria terra. Não tememos ninguém. Não devemos nada a ninguém e não vamos desistir”, disse.

*Com informações da AFP

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