Putin visita a Coreia do Norte pela primeira vez em 24 anos

Dois países, que enfrentam sanções internacionais, reforçaram consideravelmente os vínculos desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022

  • Por Jovem Pan
  • 18/06/2024 06h38 - Atualizado em 18/06/2024 06h43
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ALEXANDER ZEMLIANICHENKO / POOL / AFP - 25/04/2023 putin e kim jong-un Vladimir Putin e Kim Jong Un apertam as mãos enquanto posam para fotos antes de suas conversas

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, viaja à Coreia do Norte nesta terça-feira (18) para uma reunião com o dirigente Kim Jong Un, uma visita incomum que deve fortalecer ainda mais os laços entre os dois países que o Ocidente considera ameaças. A aproximação entre os dois países começou no momento de sua fundação, em 1948, após a Segunda Guerra Mundial, a Coreia do Norte se aproximou da União Soviética. Mas o colapso da URSS em 1991 privou a Coreia do Norte de seu principal benfeitor, o que contribuiu para provocar um cenário de fome generalizada alguns anos depois. Ao assumir a presidência em 2000, Vladimir Putin procurou reforçar as relações com a Coreia do Norte. Ele foi o primeiro chefe de Estado russo a viajar a Pyongyang para se encontrar com o pai de Kim Jong Un, Kim Jong-il. Apesar da amizade, em meados da década de 2000, a Rússia, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, apoiou as sanções impostas à Coreia do Norte por seu programa nuclear. Kim Jong Un sucedeu o pai em 2011 e, desde então, Moscou e Pyongyang aprofundaram os laços. Em 2012, a Rússia eliminou a maior parte da dívida do país aliado. Em 2019, Kim Jong Un viajou de trem até a cidade russa de Vladivostok, perto da fronteira, onde se reuniu com Putin. Quatro anos depois, ele retornou à Rússia para uma viagem de quase uma semana focada em questões de defesa.

Por que a viagem neste momento?

Os dois países, que enfrentam sanções internacionais, reforçaram consideravelmente os vínculos desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022. A Rússia, cada vez mais isolada no cenário internacional, busca aliados. Os governos dos Estados Unidos, Ucrânia e Coreia do Sul afirmam que a Coreia do Norte envia armas à Rússia para sua guerra na Ucrânia, violando uma série de sanções da ONU, em troca de ajuda técnica para programas de satélites e do envio de alimentos. A Coreia do Norte nega e afirma que a acusação é “absurda”. Em março, a Rússia vetou no Conselho de Segurança da ONU a prorrogação do comitê responsável por controlar o respeito das sanções internacionais contra a Coreia do Norte, justamente no momento em que especialistas começavam a investigar as supostas transferências de armas.

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Kim também intensificou os testes de armas, incluindo uma série de lançamentos este ano de mísseis de cruzeiro, que analistas dizem que Pyongyang poderia estar enviado à Rússia para o país utilize na Ucrânia.”Durante a Guerra Fria, a Coreia do Norte estava sempre na posição de pedir ajuda militar e econômica à Rússia”, declarou à AFP Cheong Seong-chang, do Instituto Sejong, com sede em Seul. Pela primeira vez, os dois países estão “cooperando de maneira igual”, destaca Cheong, que aponta uma espécie de “lua de mel” entre Moscou e Pyongyang.

O que cada um ganha?

Para Kim, “esta visita é uma vitória”, segundo Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha, de Seul. O conselheiro diplomático de Vladimir Putin, Yuri Ushakov, declarou na segunda-feira que “documentos importantes, muito significativos” serão assinados durante a viagem de Putin. Ushakov mencionou a “possível” assinatura de um “acordo de cooperação estratégica global”, que seria uma versão atualizada de um tratado assinado durante a última visita de Putin ao país, em 2000. O chefe de Estado russo será acompanhado pelo chanceler Serguei Lavrov, o ministro da Defesa, Andrei Belousov, além de dois vice-primeiros-ministros e pelo diretor da agência espacial russa, Roscosmos.

*Com informações da AFP

Publicado por Luisa Cardoso

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