Em um dia, homens; no outro, mulheres: Bogotá tem quarentena ‘polêmica’

  • Por Jovem Pan
  • 13/04/2020 18h16 - Atualizado em 13/04/2020 18h18
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Jeison Riascos/EFE A Colômbia já registrou mais de 100 mortes pelo novo coronavírus

Uma norma que restringe a circulação de pessoas dependendo do gênero para atividades consideradas essenciais, como fazer compras, começou a valer nesta segunda-feira em Bogotá, na Colômbia. Esta foi uma ordem da prefeitura para diminuir a quantidade de pessoas que saem de casa durante a quarentena determinada para conter a pandemia do novo coronavírus.

A medida, chamada “Pico e gênero”, é semelhante ao habitual rodízio diário de veículos, chamado “Pico e placa”. A nova determinação visa controlar aqueles que têm de sair para fazer atividades pessoais de extrema necessidade, como compras de alimentos e medicamentos, serviços bancários ou de saúde, ou emergências.

A prefeitura estabeleceu que só os homens podem circular pela cidade em dias ímpares do calendário, e só as mulheres estão autorizadas a fazer o mesmo nos dias pares.

“Apenas uma pessoa por família sai para comprar alimentos, ir ao banco, caixas eletrônicos. Dias ímpares para os homens e dias pares para as mulheres. Temos que nos cuidar e facilitar o controle o máximo possível”, anunciou pelo Twitter a prefeita de Bogotá, Claudia López.

Polêmica

A regra que começou a valer em Bogotá já está em vigor em outras cidades da Colômbia, como Medellín, mas não se baseia no gênero, e sim no último número do documento de identidade de cada cidadão.

Assim, quando Lopez anunciou o rodízio baseado no sexo, recebeu críticas de grupos que defendem os direitos LGBTQI, que consideram a medida excludente por não levar em conta as pessoas não binárias, ou seja, aquelas que não se identificam com nenhum gênero.

Alguns membros do Congresso descreveram a medida como “violenta e arbitrária” e pediram a Lopez que a reconsiderasse, argumentando que poderia ser “uma razão para a transfobia por parte da polícia, como está acontecendo no Peru e no Panamá”.

No entanto, a prefeita, que é lésbica, defendeu a norma e afirmou que busca reduzir em 35% a circulação de pessoas nas ruas de uma cidade de quase 8 milhões de habitantes.

“Se um homem trans é atualmente definido como mulher, poderá sair nos dias em que as demais mulheres saem. Do mesmo modo, as mulheres que se identificam como homens poderão sair em dias ímpares”, explicou.

López detalhou que a checagem do documento de cada cidadão “implicaria um contato direto entre as autoridades e os cidadãos”, o que “vai contra as recomendações no âmbito da saúde pública”.

Quem violar a restrição e for flagrado terá de pagar uma multa de 936.330 pesos (cerca de R$ 1.200), quantia equivalente ao salário mínimo na Colômbia.

Exceções para trabalhar

López acrescentou que esta regra, que se aplica a atividades específicas, não elimina as 36 exceções previstas pelo governo colombiano no decreto de quarentena para aqueles que, devido ao trabalho, estão autorizados a circular independentemente do gênero, como profissionais da saúde e de serviços.

Desde 25 de março, a Colômbia está sob quarentena obrigatória contra o coronavírus, que foi prolongada até a meia-noite de 26 de abril.

O Ministério da Saúde confirmou 2.776 casos confirmados de Covid-19 na Colômbia, dos quais 1.186 foram registrados em Bogotá, o principal foco do país, e um total de 109 mortes.

*Com informações da Agência EFE

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